O sistema de trens do Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira (17) em caos, com nove estações fechadas devido ao furto de cabos de energia por criminosos armados. A concessionária SuperVia, responsável pela operação, informou que os trens do ramal Belford Roxo estão circulando apenas entre as estações Central do Brasil e Mercadão de Madureira, com intervalos de 60 minutos entre cada viagem. Apesar dos reparos já estarem em andamento, ainda não há previsão para a normalização do serviço.
De acordo com a SuperVia, por volta de 00h30, uma instabilidade no sistema foi detectada entre as estações Triagem e Belford Roxo. Equipes técnicas foram enviadas ao local e flagraram cerca de dez homens armados retirando cabos próximos à estação Pavuna, na Zona Norte do Rio. A ação criminosa resultou no roubo de aproximadamente 600 metros de cabos, paralisando a operação em parte da malha ferroviária.
A Polícia Militar foi acionada e, segundo a corporação, o policiamento foi intensificado na região. Agentes estão atuando em conjunto com a delegacia local para identificar e prender os envolvidos. No entanto, o incidente desta madrugada destaca a vulnerabilidade de um sistema que transporta cerca de 300 mil passageiros diariamente e atende 12 municípios da região metropolitana.
Os furtos de cabos não são novidade para o sistema ferroviário do Rio. Casos semelhantes têm se repetido com frequência, comprometendo a mobilidade urbana e gerando prejuízos financeiros milionários. Há menos de um mês, um crime semelhante ocorreu no bairro de Barros Filho, também na Zona Norte, o que reforça o padrão de atuação dessas quadrilhas organizadas.
Para tentar conter esses crimes recorrentes, o governo estadual criou, em 2021, uma força-tarefa com reforço policial em pontos críticos da malha ferroviária. Apesar disso, os furtos continuam impactando diretamente os passageiros, que enfrentam longas esperas, estações fechadas e o desafio de buscar alternativas de transporte no já saturado sistema público do Rio de Janeiro.
A situação do sistema ferroviário fluminense é agravada pela crise financeira enfrentada pela SuperVia. Em 2021, a concessionária entrou em recuperação judicial, alegando um prejuízo superior a R$ 1 bilhão devido à redução de passageiros durante a pandemia de covid-19 e às constantes reposições de cabos roubados. A empresa chegou a cogitar devolver a operação ao governo estadual. No entanto, após meses de negociações, um acordo foi firmado no mês passado, garantindo a manutenção da concessão até que uma nova empresa assuma a administração do serviço.
Enquanto isso, os passageiros continuam pagando o preço da falta de segurança e do abandono da infraestrutura ferroviária. Com estações fechadas e intervalos de 60 minutos entre as viagens, o trajeto que já é desgastante se torna ainda mais desafiador. “O trem já é ruim normalmente, mas hoje não tem nem como usar. Fica impossível chegar no trabalho desse jeito”, desabafa um dos usuários afetados na manhã desta terça-feira.
A situação caótica expõe não apenas a fragilidade do sistema de trens, mas também a necessidade urgente de investimentos em segurança e infraestrutura. Para os milhares de trabalhadores e estudantes que dependem desse transporte todos os dias, a esperança é que as autoridades tomem medidas eficazes para evitar que cenas como essa se repitam.