Um novo e curioso problema tem preocupado motoristas cariocas: veículos emplacados com a sigla TCP — que coincide com as iniciais de uma das maiores facções criminosas do estado, o Terceiro Comando Puro — estão gerando desconforto e até riscos em certas regiões do Rio de Janeiro.
O caso levanta um debate sobre como a violência e o domínio territorial de facções acabam afetando até aspectos rotineiros, como o simples ato de emplacar um carro. Em comunidades controladas por grupos rivais, como o Comando Vermelho, circular com uma placa contendo a sigla TCP pode ser encarado como provocação ou até como uma falsa ligação do motorista com a facção inimiga.
Essa realidade já é conhecida pelos moradores de algumas áreas do Rio, onde traficantes impõem regras absurdas sobre comportamentos cotidianos. Em certos locais, até o tipo de música que toca dentro do carro pode ser motivo de abordagem por criminosos. Sinais feitos com as mãos, roupas de certas cores e até gírias específicas são monitorados e podem ser vistos como indícios de ligação com facções rivais.
Com as novas placas do Mercosul, que combinam letras e números de forma aparentemente aleatória, muitos condutores acabam recebendo combinações como TCP, CV ou ADA — abreviações das principais facções do tráfico carioca. Porém, longe de serem apenas coincidências inocentes, essas placas podem transformar uma simples viagem em uma situação de extremo perigo.
Moradores de comunidades dominadas por facções rivais ao TCP relatam que, ao avistarem veículos com essa sigla, criminosos podem parar o carro para averiguações, criar constrangimentos ou, em casos extremos, hostilizar os ocupantes.
Esse cenário reflete como a vida do carioca é atravessada pela lógica do crime organizado, onde facções ditam não só o tráfico de drogas, mas também o cotidiano de quem vive ou transita por seus territórios.
Enquanto não existe qualquer orientação oficial para substituição dessas placas, motoristas devem redobrar o cuidado e a atenção ao circular em áreas de risco. Em tempos de domínio territorial extremo, até a placa do seu carro pode virar uma sentença.