Utilizado como boulevard olímpico durante a Rio 2016 e palco de competições dos Jogos Pan-Americanos de 2007, o Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, na Zona Oeste, dá sinais de abandono. Há dez dias, foi fechada a piscina do espaço, cuja manutenção era mantida desde janeiro por meio de um contrato emergencial que se encerrou no mês passado. O término do contrato também acarretou a demissão de 120 professores que atuavam no complexo, causando a suspensão de aulas de badminton, patinação, fisioterapia, hidroginástica e natação. Atualmente, 41 profissionais concursados do município trabalham para manter um cronograma mínimo de atividades.
A degradação do complexo esportivo se reflete na queda do público atendido. O local, que chegou a ser frequentado por cerca de dez mil pessoas, agora atende a menos de um terço desse total. Ontem, a instalação amanheceu com cartazes de protesto colados na fachada, com frases como: “Crivella, devolva o nosso Miécimo” e “Atividade é saúde para o povo”.
— Não tem nem água nos bebedouros. Hoje, quem faz atividades físicas aí dentro precisa levar sua própria garrafinha para se hidratar. Alguns lugares estão caindo aos pedaços. É lamentável! — desabafa o advogado João Gilberto Passos, de 43 anos, que frequenta o centro esportivo há cinco anos.
O ex-administrador, Thiago Barros, lamenta:
— Hoje, não temos nem guardiões para a piscina. Milhares de pessoas deixaram de ser atendidas. Antes de o contrato emergencial acabar, era preciso ter contratado uma OS para que o Miécimo não ficasse sem gestão.
Comissão da Câmara denunciou irregularidades
No fim de junho, a prefeitura chegou a convocar OSs para um processo de seleção para a gestão do complexo. Das dez que se apresentaram, foi selecionado o Instituto Fair Play, com proposta de contrato de R$ 14.265.911. Mas a escolha da empresa foi contestada pelos concorrentes e, desde então, está sob avaliação da Procuradoria-Geral do Município.
A Comissão de Esportes e Lazer da Câmara Municipal já havia denunciado irregularidades no local em maio, após visitas técnicas. “Foi constatada falta de manutenção em todo o complexo”, dizia o relatório, que apontava buracos na pista de atletismo, ferrugem em janelas e grades, funcionários sem pagamento e um déficit de 75% do efetivo necessário.
A Subsecretaria municipal de Esportes e Lazer informou que a seleção da OS está em fase de resposta dos recursos administrativos, que a decisão da empresa escolhida será publicada no Diário Oficial e “logo após o feriado, já deve estar em vigor o contrato de gestão”. Ainda segundo a nota, a piscina deve ser reaberta tão logo a OS inicie a gestão. Também caberá à organização contratar os profissionais para atividades suspensas. Para o lugar de Thiago Barros, foi nomeado Carlos Wendel Mesquita Guinancio.