A Esthetic Life, clínica na Taquara, na Zona Oeste, onde a cabeleireira Alessandra Machado da Silva, de 35 anos, foi operada, sequer poderia realizar procedimentos desse tipo. O local foi parcialmente interditado pela Superintendência de Vigilância Sanitária (Suvisa) da Secretaria de Estado de Saúde do Rio em setembro de 2015, após a morte de uma paciente que fez uma lipoaspiração no local. Alessandra, que passaria pela mesma cirurgia, além de uma abdominoplastia e laqueadura, também acabou falecendo após ter complicações.
A inspeção realizada há dois anos constatou que a clínica não tinha condições de realizar cirurgias. Seu funcionamento era autorizado apenas para serviços odontológicos e ambulatorial.
A morte de Alessandra está sendo investigada pela Polícia Civil. A família da paciente acusa o médico que a operou, Mauricio Teixeira de Britto, de negligência e de não ter especialização para realizar tratamentos estéticos.
O médico não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. No Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), sua especialização foi declarada como “médico do trabalho”. Em cadastros de médicos na internet, Britto aparece como ginecologista. O Cremerj abriu uma investigação para apurar a conduta do médico.
Segundo a família de Alessandra, a mulher teve complicações durante a cirurgia, mas a ambulância só chegou para socorrê-la cerca de três horas depois. O médico, no entanto, havia garantido que, em caso de problemas durante o procedimento, haveria uma ambulância à disposição. A paciente foi levada para o Hospital das Clínicas, também na Taquara, mas teve três paradas cardíacas e não resistiu.
— A demora prejudicou. Aplicaram muita adrenalina nela (durante a cirurgia) e tentaram reanimá-la por uma hora. Mas o médico não apresentou os riscos da cirurgia em momento algum. Pelo contrário, ele passou muita tranquilidade, disse que como ela jovem e saudável, sem problema no coração, aguentaria passar pelos três procedimentos no mesmo dia — afirmou Elena Machado, de 37 anos, irmã de Alessandra.
Na última segunda-feira, uma equipe da Suvisa foi à clínica, que estava fechada. Foi elaborado um cronograma de fiscalização para monitoramento da unidade. O EXTRA não conseguiu contato com nenhum representante do estabelecimento e nem com o médico.
O caso foi registrado pela família de Alessandra na 32ª DP (Taquara). A investigação, no entanto, foi transferida para a 41ª DP (Tanque), que dará continuidade às investigações.