Á medida que acordar de manhã torna-se impossível e a motivação parece desaparecer, tornando o ato de estar disposto a realizar atividades básicas diárias uma tortura, podemos estar falando de uma doença e não de preguiça!
A clinomania, também chamada em alguns países de disania, é um distúrbio que não é internacionalmente reconhecido em nível clínico. É definido, basicamente, pela vontade incontrolável de permanecer na cama, voltando a dormir depois de acordar.
Como é a vida do paciente?
Os portadores do problema, embora tenham muita vontade de acordar e realizar as atividades diárias, que incluem atividades físicas, ir para a escola, universidade ou trabalhar, podem permanecer horas ou dias deitados, sofrendo de ansiedade ao pensar em levantar.
O que fazer?
Pessoas que suspeitam ter o problema – ou parentes e amigos próximos que observam a condição – devem encorajar o paciente a buscar ajuda de um psiquiatra ou neurologista, já que os sintomas podem estar ligados a outros problemas subjacentes, como depressão, síndrome da fadiga crônica ou fibromialgia.
Somente após estas condições anteriormente citadas terem sido completamente descartadas, é que o médico poderá diagnosticar corretamente o problema – embora muitos profissionais de saúde não estão familiarizados com o termo e não sabem do que se trata.
O que dizem os portadores?
Apesar de ser uma doença que acomete milhares de pessoas, e não ter sido clinicamente catalogado, os pacientes afirmam que os sintomas da clinomania são reais.
Muitos gemem de angústia quando o alarme do despertador dispara, outros sentem pânico generalizado ao pensar em sair da cama. Já outros até saem da cama, desligam o despertador e voltam a dormir sem perceber que fizeram isso.
Ao contrário do que é divulgado em todo o mundo sobre a quantidade de horas considerada saudável de sono, paciente com disania precisam muito mais do que apenas 8 horas e mesmo assim, sentem enorme dificuldade em levantar para realizar compromissos.
Buscando ajuda médica…
Pacientes que sentem que o problema dura semanas ou meses, devem buscar ajuda, preferencialmente com o apoio familiar. Não há nenhuma cura conhecida, no entanto, os pacientes podem encontrar alívio quando começam a dormir até 2 horas mais cedo do que o habitual.
O Sistema Nacional de Saúde da Inglaterra recomenda o seguinte protocolo para boas noites de sono:
> Vá para a cama e levante-se no mesmo horário todos os dias;
> Torne o quarto tranquilo, controlando sua temperatura, luz e barulho, não dormindo com animais de estimação;
> Tenha um colchão confortável;
> Exercite-se regularmente para aliviar a tensão acumulada ao longo do dia. Evite atividades físicas à noite, pois isso pode mantê-lo acordado;
> Reduzir a cafeína e optar por chás de ervas ou leite quente;
> Não exagere no álcool ou comida muito perto da hora de dormir;
> Não fume – a nicotina é um estimulante, assim como a cafeína;
> Relaxe antes de dormir com um banho quente, música calma ou yoga;
> Anote quaisquer preocupações ou listas de tarefas para o dia seguinte;
> Teve insônia? Levante-se se você não consegue dormir e faça algo (não ligue a TV e não mexa no celular) até sentir-se cansado novamente.
Caso as recomendações acima não tenham surtido efeito, um especialista como neurologista ou psiquiatra precisa ser consultado.
O que fazer se não existe reconhecimento clínico?
O fato de não ser uma doença reconhecida até o momento (o que já ocorreu com inúmeras doenças anteriormente, incluindo a depressão e diversas outras), torna o diagnóstico mais complicado, no entanto, todos os médicos concordam que permanecer deitado na cama por dias, sem motivo aparente como luto por morte de um parente próximo, é um comportamento fora do padrão que deve ser verificado.
Por que não é somente preguiça?
A diferença entre clinomania e preguiça é simples. Segundo especialistas, pessoas preguiçosas não gostam de afazeres e rotina que exijam qualquer esforço, seja ele físico ou mental e acabam direcionando suas vidas para outras atividades, fazendo somente aquilo que querem.
Quem sofre de clinomania não consegue, na maior parte do tempo, nem mesmo fazer o que gostariam, e sentem angústia porque querem realizar suas tarefas e obrigações diárias, mas não conseguem. Os pacientes sentem um desejo enorme de ficar sempre deitadas, em qualquer lugar, desde que estejam em posição horizontal.
Estima-se que, pela falta de classificação internacional oficial, muitos pacientes já foram e estão sendo tratados erroneamente como depressivos ou com síndrome da fadiga crônica. Em caso de dúvidas, discuta com seu médico sobre os seus reais sintomas e necessidades, para que seu tratamento possa ser ajustado.