Em meio a uma escalada de tensões que vem mobilizando a atenção do mundo, o conflito entre Israel e Irã ressurge com força total, com ataques diretos e uma corrida acelerada pelo poder e pela influência no Oriente Médio. A reportagem da Agência Brasil, publicada em 14 de junho de 2025, revela as raízes históricas e geopolíticas desse embate que pode alterar profundamente a dinâmica regional e global.
Motivações Geopolíticas: O Tabuleiro do Poder
No centro deste conflito está uma luta histórica por domínio e sobrevivência. Israel, um país cercado por inimigos e ameaças constantes, busca ampliar sua presença territorial e consolidar o que muitos chamam de projeto do “Grande Israel”. Esse objetivo é aproveitado pelo premiê Benjamin Netanyahu, que, segundo especialistas como o professor Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra (ESG), enxerga uma “janela de oportunidade” devido a crises internas para avançar sua agenda política e militar.
Do outro lado, o Irã, potência xiita que se posiciona como líder regional, financia e apoia grupos armados que desafiam o Estado israelense, criando uma rede conhecida como o “eixo de resistência islâmica”. Entre seus aliados estão o Hamas, o Hezbollah, as milícias houthis no Iêmen e grupos no Iraque, todos fortalecidos pelo apoio estratégico de Teerã. Israel, por sua vez, tem realizado operações frequentes para minar essas forças, especialmente na Síria, onde tenta impedir o fortalecimento militar iraniano.
Programa Nuclear: O Estopim da Crise
O foco central da crise atual é o programa nuclear iraniano, que tem gerado preocupações globais e alimentado desconfianças mútuas. No dia 12 de junho, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução afirmando que o Irã deixou de cumprir salvaguardas essenciais, após denúncias de que estaria enriquecendo urânio a 60% — nível alarmante e próximo ao necessário para a produção de armas nucleares —, acumulando cerca de 400 kg desse material.
Na resposta imediata, Israel realizou ataques direcionados em 13 de junho contra instalações nucleares e militares iranianas, resultando na morte de militares e cientistas ligados ao programa nuclear do Irã. O país israelense justifica essas ações como medidas preventivas para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares que possam ameaçar diretamente a segurança de Tel Aviv e de seus cidadãos.
Por sua vez, o Irã nega o caráter bélico de seu programa nuclear e acusa a AIEA de politizar o tema, agindo sob forte influência ocidental, especialmente dos Estados Unidos. O governo iraniano ressalta que é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e que permite inspeções regulares. De acordo com reportagens do jornal The New York Times e declarações de diplomatas, a AIEA teria realizado mais inspeções no Irã do que em todos os demais países signatários juntos. Já Israel, que possui arsenal nuclear, não é signatário do TNP, mantendo um silêncio oficial sobre seu programa atômico.
Narrativas em Choque: A Guerra da Informação
Além dos confrontos armados, a disputa é marcada por narrativas conflitantes e propaganda de ambos os lados. Israel apresenta-se como um estado sob constante ameaça, agindo para defender sua população e manter a estabilidade regional. O Irã, por sua vez, se coloca como uma nação soberana, vítima de campanhas internacionais que buscam deslegitimar seu desenvolvimento tecnológico e militar.
Essa guerra de versões tem dificultado a mediação internacional e ampliado o risco de uma escalada maior, inclusive com possibilidades de confronto aberto envolvendo outros países da região e potências globais. A recente série de ataques e retaliações diretas entre Israel e Irã indica que o equilíbrio está cada vez mais frágil.
A Complexa Equação do Oriente Médio
O conflito israelense-iraniano não pode ser entendido isoladamente. Ele faz parte de um complexo tabuleiro de xadrez geopolítico em que interesses estratégicos, religiosos e ideológicos se misturam. A disputa pelo controle da região envolve alianças regionais, interesses de potências externas, e a sobrevivência de Estados e povos.
A reportagem da Agência Brasil ressalta que a conjunção desses fatores — a busca israelense pelo “Grande Israel”, o fortalecimento desigual do eixo de resistência liderado pelo Irã, as tensões provocadas pelo programa nuclear e as sucessivas ações militares — cria um cenário de alta volatilidade e incerteza.
O Futuro Incerto
Enquanto diplomatas e organizações internacionais buscam caminhos para uma negociação que evite uma guerra de larga escala, os confrontos no terreno mostram que a paz ainda está distante. O Oriente Médio enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente, com riscos que podem extrapolar suas fronteiras.
O mundo acompanha atento, ciente de que o desfecho desse conflito pode redefinir não apenas o futuro da região, mas o equilíbrio global de proporções