O futuro governo de Ibaneis Rocha (MDB) começa a tomar forma com a confirmaçăo de mais nomes que văo compor a equipe do próximo chefe do Palácio do Buriti. Ontem, cinco secretários foram anunciados pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF), além do comandante-geral do Corpo de Bombeiros. Até o momento, as pastas com chefias confirmadas săo: Educaçăo, Justiça, Meio Ambiente, Comunicaçăo, Casa Civil, Segurança Pública, Fazenda, Gestăo do Território e Habitaçăo, Mulher, Obras, Terracap, Gabinete de Segurança Institucional, Polícia Militar e Polícia Civil. Entre as mais importantes, faltam os titulares para Saúde, Turismo, Cultura, Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Mobilidade.
O escolhido para comandar a educaçăo, Rafael Parente, é filho do ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente. Apesar de ter nascido na capital, o futuro secretário mora no Rio de Janeiro, onde foi subsecretário de Educaçăo entre 2009 e 2013. Recém-anunciado, ele admitiu que precisa se inteirar melhor da situaçăo da área no DF. “Preciso sentar e conversar com as pessoas que conhecem a realidade, conversar com o atual secretário e com pessoas que trabalham na pasta”, adianta.
Rafael Parente, no entanto, destaca a necessidade de recuperar a estrutura de algumas escolas. “Eu tive acesso a relatórios e a reportagens que mostram essa situaçăo em muitos colégios. Precisamos trabalhar nisso e criar um bom ambiente com infraestrutura adequada para termos locais acolhedores, onde todos se sintam bem”, disse. “Para ter orçamento para tudo isso, vamos precisar de muito planejamento e apoio de parlamentares, além de contar com parcerias e com a criatividade”, completou.
Governo federal
O governador eleito recrutou para a equipe três nomes ligados ao governo do presidente da República, Michel Temer: Sarney Filho (ex-ministro do Meio Ambiente), Gustavo Rocha (ministro dos Direitos Humanos) e Eumar Novacki (secretário-executivo do Ministério da Agricultura). Sarney Filho (PV-MA) afirmou que năo estava nos planos assumir outro cargo público no próximo ano. No entanto, mudou de ideia após reuniőes com Ibaneis Rocha e conversas com amigos. “Ele (Ibaneis) falou do seu desejo de me escolher como secretário da pasta. Nesse momento, a questăo climática é preocupante e há um desencontro entre desenvolvimento e sustentabilidade. Portanto, entendi o convite como um desafio. Estou muito animado para os próximos quatro anos”, comentou o futuro secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Segundo ele, mesmo trabalhando dentro de uma agenda mais urbana, o foco será compatibilizar o desenvolvimento com a sustentabilidade. “Os dois têm de caminhar cada vez mais juntos. A área ambiental năo pode ser confundida com embaraço ao desenvolvimento. O Distrito Federal tem grande potencial e pode tornar-se referência para as outras unidades da Federaçăo, bem como um espelho internacional, levando-se em conta as embaixadas que temos aqui”, explicou.
Para comandar a Secretaria de Justiça, Ibaneis convidou Gustavo Rocha, um dos homens de confiança de Temer. Ministro dos Direitos Humanos, Rocha, antes de assumir o cargo, atuava na Casa Civil como um dos principais assessores jurídicos do presidente, consultado com frequência por Temer.
A Casa Civil ficará com Eumar Novacki. Policial militar mato-grossense, Novacki foi nomeado secretário executivo do Ministério da Agricultura em 2016 por Michel Temer. Antes disso, foi chefe da Casa Civil em Mato Grosso. “Ele veio para nos ajudar nessa área, que é muito importante, principalmente porque cuida de coisas fundamentais para colocar um governo para funcionar”, comentou Ibaneis. “Há um bom tempo, é uma pessoa de minha extrema confiança. Tenho amizade com ele de alguns anos e acho que, na Casa Civil, você deve ter pessoas dessa natureza, com excelente currículo”, detalhou, depois de reuniăo no Ministério da Saúde, na tarde de ontem.
Comunicaçăo
Weligton Moraes, escolhido para chefiar a Secretaria de Comunicaçăo, coordenou a campanha do deputado federal Alberto Fraga (DEM) ao Palácio Buriti no primeiro turno. Após a derrota de Fraga, Moraes apoiou o governador eleito. “Quando o Ibaneis foi para o MDB, eu estava com ele e fiquei na equipe até ele desistir da candidatura para apoiar o Jofran Frejat (PR). Ele seria o vice de Frejat, que também desistiu; entăo, até nessa divisăo estávamos juntos”, lembra.
Moraes ressalta que a maior prioridade da Comunicaçăo é informar com clareza e fidelidade. “Temos de trabalhar em cima das açőes do governo. Năo tem inovaçăo nessa área, a năo ser facilitar o trabalho da imprensa com o governo e divulgar as açőes dentro da verdade e da ética”, ressaltou.
Verba federal
O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que a saúde do Distrito Federal contará com um reforço de R$ 540 milhőes oriundos de verbas federais. O emedebista se reuniu com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, na tarde de ontem, para garantir a captaçăo de recursos e discutir a gestăo do setor na capital federal. Apesar da reuniăo com integrantes do gabinete da pasta e das tratativas com a Presidência do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico), o futuro governador ainda năo anunciou quem assumirá a Secretaria de Saúde no próximo governo.
Quem é quem
Fora a área da Segurança Pública, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou, até o momento, 10 nomes do primeiro escalăo. Confira:
Gustavo Rocha, Justiça
Ministro dos Direitos Humanos, Rocha era um dos aliados mais próximos do presidente da República, Michel Temer. O advogado também atuou como membro do Conselho Nacional do Ministério Público em 2015. Antes de assumir o ministério, foi nomeado subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República.
Sarney Filho, Meio Ambiente
Filho do ex-presidente da República, José Sarney, o deputado federal Sarney Filho (PV-MA) é advogado. Por duas vezes, entre 1999 e 2002 e entre 2016 e 2018, foi ministro do Meio Ambiente. É líder da bancada do PV na Câmara dos Deputados. Na frente ambiental, destacou-se pela oposiçăo ao agronegócio.
Eumar Novacki, Casa Civil
Ocupa o cargo de secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Novacki é bacharel em direito e tem pós-graduaçăo em direito público. Policial Militar, também atuou como secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso.
Weligton Moraes, Comunicaçăo
O jornalista vai assumir o cargo pela terceira vez. Ele ocupou a funçăo durante a gestăo de Joaquim Roriz, entre 2003 e 2006, e de José Roberto Arruda, entre 2007 e 2010. No primeiro turno, comandou a campanha de Alberto Fraga (DEM) ao Palácio do Buriti.
Izídio Santos, Obras
Vice-presidente administrativo e financeiro do Sindicato da Indústria de Construçăo Civil (Sinduscon-DF), o engenheiro civil também é fundador e presidente da Barsan Engenharia. Ele ainda trabalhou na Construtora Santa Tereza, de 1989 a 1992; e na Emplavi, entre 1992 e 1998.
Rafael Parente, Educaçăo
Filho do ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente, Rafael foi subsecretário municipal de Educaçăo do Rio de Janeiro, entre 2009 e 2013. É doutor em educaçăo pela Universidade de Nova York. Além disso, é diretor executivo da Edufuturo, empresa de inovaçăo na educaçăo e impacto social.
Julio Cesar Reis, presidente da Terracap
Servidor efetivo da Terracap desde 2005, o engenheiro agrimensor preside a empresa pública desde 2016 e permanecerá no cargo na próxima gestăo. Julio Cesar lidera projetos de concessőes e parcerias com a iniciativa privada, como o Arenaplex e o Autódromo Internacional Nelson Piquet, e tocou o início da regularizaçăo de condomínios no DF.
André Clemente, Fazenda
Auditor da Receita do Distrito Federal há 30 anos, André foi secretário de Fazenda, secretário de Planejamento, presidente do Conselho do BRB, secretário do Entorno no estado de Goiás e representante do governador de Goiás. Candidatou-se a distrital em 2014 e, durante a campanha deste ano, coordenou o plano de governo de Ibaneis Rocha.
Ericka Filippelli (MDB), secretaria da Mulher
Presidente regional do MDB Mulher no DF, Ericka foi subsecretária de Articulaçăo Institucional e Açőes Temáticas da Secretaria de Políticas para Mulheres da gestăo de Michel Temer (MDB). Nora do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, a publicitária candidatou-se a deputada distrital neste ano, recebeu 4.285 votos, mas năo se elegeu.
Mateus de Oliveira, Gestăo do Território e Habitaçăo
Especialista em direito urbanístico e imobiliário, Mateus é formado pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, em Săo Paulo, pós-graduado pela Fundaçăo Getulio Vargas e tem mestrado em direito urbanístico pela PUC-SP. É professor de pós-graduaçăo do IDP e, desde 2014, integra o Conselho de Planejamento Urbano e Territorial.
Três perguntas para
Sarney Filho, futuro secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Como o senhor avalia a oportunidade de chefiar a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos?
Sou um deputado que tem uma causa, e ela é antiga: a sustentabilidade. Por ela, sou reconhecido nacionalmente e, até mesmo, internacionalmente. Fui escolhido ministro (do Meio Ambiente) por duas vezes em situaçőes em que era preciso corrigir determinados rumos da política ambiental. Acredito que, com a experiência que adquiri ao longo dos anos e o conhecimento de pessoas, entidades e organizaçőes ligadas à causa, terei condiçőes de fazer com que Brasília possa ser um exemplo nessa questăo, agregando a isso desenvolvimento, mais renda, mais empregos e mais qualidade de vida.
Quais serăo os principais projetos à frente da pasta?
Um dos focos será tornar cada vez mais concreta a conciliaçăo entre desenvolvimento e sustentabilidade. Quero destravar essa questăo com transparência e respeitando a legislaçăo vigente, além de fazê-lo com a participaçăo da sociedade. Brasília é a capital do país e uma cidade-referência com grande potencial para desenvolver-se econômica e socioambientalmente.
Acredita que terá muitos desafios como secretário?
É cedo para dizer isso. Vou dedicar os últimos dias deste ano para me inteirar cada vez mais dos assuntos relativos à minha pasta. Mas estou muito animado. Sou uma pessoa que gosta de desafios. Será diferente do que atuar em um ministério. Mesmo assim, é uma secretaria importante dentro da capital da República. Há muita coisa a se fazer e que precisamos fazer no sentido de ressaltar um desenvolvimento sustentável. Dentro dessa perspectiva, aceitei o desafio e estou comprometido com a causa.
Três perguntas para
Rafael Parente, futuro secretário de Educaçăo
O senhor comanda hoje uma empresa de tecnologia e inovaçăo na educaçăo. Como essas áreas văo entrar no governo?
Eu trabalhei como pesquisador, gestor, passei pela gestăo no terceiro setor e, hoje, sou empreendedor social. Tenho uma empresa de impacto social na educaçăo. Entăo, eu acredito que o modelo de escolas precisa ser modernizado, a rede tem de ser, de fato, assim (moderna) para que os alunos nativos digitais sintam que a escola é relevante para eles.
Qual é a sua posiçăo sobre o projeto Escola Sem Partido?
Eu acredito que a gente precisa entender que os professores năo podem impor uma visăo de mundo, essa é uma preocupaçăo, até, de vários professores. Ao mesmo tempo, a gente năo pode impor nenhum tipo de censura. Precisamos buscar soluçőes, e a soluçăo é dar mais formaçăo continuada e orientaçőes para que os professores possam mostrar que existem várias verdades e pontos de vistas sobre os mesmos temas.
Como será a relaçăo do senhor com os servidores e os sindicatos?
Eu conversei com algumas pessoas dos sindicatos hoje. Tivemos uma conversa muito boa. Vai ser uma relaçăo com muita transparência, com muito diálogo. Eu vou querer escutar bastante o que eles estăo desejando, mas também vou falar dos limites relacionados ao orçamento que vamos enfrentar.