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Corpo de costureira obrigada a pular de ônibus por criminosos é enterrado em clima de revolta
corpo da costureira Tânia da Conceição Mota, de 62 anos, foi enterrado na manhã deste domingo, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Em clima de forte comoção, o velório contou com a presença de mais de cem pessoas, reunindo familiares, amigos e vizinhos da idosa, que morreu na noite da última sexta-feira ao saltar de um ônibus em movimento durante um assalto em Pilares. O sepultamento ocorreu por volta das 10h. Os parentes, abalados, não quiseram falar com a imprensa.
Antes da cerimônia, a vizinha Marileia César dos Santos, amiga da vítima há 52 anos, contou que Tânia era muito querida na comunidade. A família ficou sabendo da notícia após uma ligação do Corpo de Bombeiros, que prestou os primeiros socorros à vítima.
— Eu estive com ela na sexta-feira de manhã, antes de nos despedirmos para irmos trabalhar. Quem fez não tem coração e causou uma dor muito grande em toda a comunidade. Ela estava animada, cheia de serviços de costura para o carnaval. Era uma pessoa muito alegre e do bem, que vai nos fazer muita falta — lamentou Marileia. — Ainda não se sabe ao certo o que aconteceu: se mandaram ela se jogar e ela pulou do ônibus ou se empurraram. As informações estão desencontradas. Exigimos justiça.
O caso ocorreu no ônibus da linha 298 (Acari — Castelo): os criminosos anunciaram o assalto quando o coletivo passava próximo ao Morro do Urubu. Segundo relatos de amigos, os assaltantes teriam exigido que alguns passageiros descessem do ônibus em movimento. Ao saltar, a costureira bateu a cabeça no meio fio e teve um traumatismo crâniano fatal. Ela chegou a ser levada para o Hospital Salgado Filho, mas morreu.
— Ela estava feliz, cheia de planos. Disse que já estava tudo organizado para a festa e que iríamos arrumar os preparativos finais na sexta, quando ela voltasse pra casa. Mas ela não voltou. Ela era minha mãe do coração, almoçávamos juntos todo domingo. Tivemos que desmarcar a festa porque não tem mais clima — explicou, emocionada, a amiga e também vizinha de Tânia, Elaine Queiroz, referindo-se à festa de aniversário do filho de uma amiga que elas estavam preparando na comunidade do Jacarezinho.