A assessoria do Museu Nacional, do Rio de Janeiro (RJ), informou na tarde desta sexta-feira (19/10) que foi encontrado, em meio aos escombros do prédio destruído por um incêndio em 2 de setembro, o crânio de Luzia, considerada a “primeira brasileira”. O fóssil tem 11,4 mil anos.
Há um mês, conforme noticiou o Estado de Minas, o diretor administrativo do Museu Nacional, Wagner Martins, informou que arqueólogos e paleontólogos do Museu Nacional năo perdiam a esperança de encontrar o fóssil localizado em 1974 na gruta da Lapa Vermelha, em Pedro Leopoldo, na Regiăo Metropolitana de Belo Horizonte. “Năo perdemos esperança de encontrar Luzia, que está numa área considerada de risco. Já percebemos, pelas imagens captadas por drones, que no local há muitas peças que podem se resgatadas”, disse o diretor administrativo do Museu Nacional, Wagner Martins.
Luzia, um dos símbolos da maior tragédia do patrimônio cultural do país, traz à tona o nome de uma mulher fundamental nessa história e com uma vida extraordinária destacada pelos estudiosos. A trajetória da arqueóloga Annette Laming Emperaire passa por momentos-chave do século 20, como a Revoluçăo Russa (1917) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Filha de diplomatas franceses e nascida em Săo Petersburgo, na Rússia, 15 dias antes de os bolcheviques tomarem Moscou, ela seguiu com os pais para a França. Já adulta, ao estourar o conflito mundial, participou da Resistência até cair em desgraça nas măos dos alemăes. Com o fim da guerra, Annette se dedicou à paixăo pelas pesquisas e escavaçőes que lhe trouxe ao Brasil e, na década de 1970, a Lagoa Santa, na Grande BH.
Como chefe de uma missăo franco-brasileira, encontrou o fóssil humano com dataçăo mais antiga do país, a “Luzia”, e deu nova dimensăo aos achados do naturalista dinamarquês Peter Lund (1801-1880).