O Prefeito Marcelo Crivella vai se reunir hoje com o comitê científico e seu conselho de crise para decidir se as regras de flexibilização decretadas anteontem pelo governador Wilson Witzel terão efeito na capital. O novo plano de retomada pelo governo estadual liberou grande parte da economia fluminense, mas, para o prefeito do Rio, traz “insegurança jurídica”. Apesar disso, Crivella avalia que algumas atividades podem ter a reabertura antecipada, caso recebam aval dos técnicos. Ontem, no primeiro dia após Witzel afrouxar as regras, foi percebido um movimento maior nas ruas e, mesmo com o tempo nublado, nas praias.
O secretário estadual de Governo, Cleiton Rodrigues, explicou que os prefeitos têm autonomia para, caso prefiram, manter regras mais rígidas. O que não podem fazer, diz, é ultrapassar a flexibilização anunciada.
O novo decreto de Witzel causou dúvidas entre os empresários, que não sabiam qual determinação seguir. Pelas regras do estado, os shopping centers e centros comerciais poderiam funcionar das 12h às 20h, com limitação de 50% da capacidade, garantindo fornecimento de álcool em gel 70%. O mesmo valeria para bares e restaurantes, mantendo a regra de 50% da capacidade. No plano municipal, por exemplo, a reabertura dos shoppings está prevista apenas para uma segunda fase e os bares, para uma terceira.
— Eu vi o decreto do governador, mas o do prefeito diz outra coisa. Fiquei confuso sobre qual seguir, sobre se eu poderia colocar minhas mesas e cadeiras. Na dúvida, coloquei só os banquinhos. Espero que o prefeito se manifeste para a gente ter uma resposta — disse Oscar Oliveira, dono do Bar Seco, em Botafogo.
Prefeito não prevê multas
Crivella afirmou que o município irá fiscalizar o comércio, que receberá apenas uma orientação para fechar, sem a aplicação de multas.
Em Copacabana, no Leme e em Ipanema, pessoas foram flagradascaminhando e estendendo cangas para ficar na areia, mesmo com a permanência na praia proibida pelo decreto estadual. Apesar de não disponibilizarem mesas e cadeiras, quiosques aglomeravam grupos de até sete pessoas, sem máscaras. Tudo isso a poucos metros de policiais militares, que se dividiam em duplas nos calçadões.
Crivella criticou o decreto de Witzel e disse concordar apenas com a abertura de igrejas e templos religiosos, proibida por uma ordem judicial.
— Não podemos liberar tudo de uma vez pois muda o cenário. Temos que identificar uma tendência antes que se torne uma realidade. Quem está na linha de frente da Covid-19, que comprou equipamentos e montou hospitais de campanha, tem mais condições de avaliar normas mais restritivas — afirmou.
Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde divulgado ontem, o Rio tem 166 novos óbitos por Covid-19. No total, 6.639 fluminenses já morreram em decorrência do coronavírus. Também foram diagnosticados mais 1.467 com a doença, totalizando 64.533 casos. O número oficial de pessoas já recuperadas é de 48.783.
O procurador do município Marcelo Marques vai cobrar do governo estadual um estudo que justifique as novas medidas:
— O laudo não estava acompanhado do decreto. Solicitamos que, se houver, nos apresentem para expormos no comitê científico.