Nesta segunda-feira, 27 de janeiro, a Secretaria de Ordem Pública (SEOP) deu início à demolição de um prédio residencial multifamiliar irregular, localizado na Rua DW, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro. A estrutura, que abrigava três pavimentos e totalizava cerca de 500 m², foi construída em desacordo com as normas urbanísticas e em uma área sob influência do crime organizado.
O imóvel contava com um pavimento destinado ao uso comum e outros dois com seis unidades residenciais cada. A obra apresentava claros indícios de expansão futura, com estruturas já preparadas para novos andares no último pavimento. Durante a inspeção no local, engenheiros da Prefeitura identificaram irregularidades adicionais, como a presença de duas grandes caixas d’água abertas, elevando o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
A operação, conduzida com apoio de equipes técnicas e fiscais, revelou que o prejuízo estimado aos responsáveis pela construção é de R$ 3 milhões, considerando o custo da obra e o valor potencial de venda das unidades habitacionais. De acordo com informações coletadas durante a ação, o prédio foi erguido de forma clandestina, ignorando notificações e ordens de paralisação expedidas pela Prefeitura.
Acelerando a Construção Ilegal
Brenno Carnevale, secretário de Ordem Pública, destacou a gravidade do caso e o impacto negativo causado pela obra irregular. Segundo ele, mesmo após a Prefeitura notificar os responsáveis sobre a ilegalidade da construção, as obras foram aceleradas de maneira deliberada. “Esse prédio que estamos demolindo no Recreio é totalmente ilegal, sem nenhuma condição de aprovação. Ele coloca em risco a vida das pessoas que, porventura, viessem a utilizá-lo”, afirmou Carnevale.
Ele também enfatizou que houve uma tentativa de enganar a fiscalização ao acelerar o ritmo da construção e criar uma falsa impressão de que o imóvel já estava ocupado. “Apesar das notificações, os responsáveis tentaram ludibriar a fiscalização para fazer crer que havia pessoas morando no local. Seguimos trabalhando com foco no ordenamento da cidade, preservação da vida e, em certos casos, também de asfixia financeira do crime organizado”, completou o secretário.
Cronologia dos Fatos
A fiscalização do prédio começou em 13 de janeiro de 2025, quando uma vistoria inicial constatou que a obra estava inacabada, com escoras e alvenaria aparente. À época, os responsáveis já haviam sido notificados sobre a irregularidade, mas, ao invés de interromperem os trabalhos, intensificaram as obras nos dez dias seguintes. Quando os agentes retornaram nesta segunda-feira, identificaram que as unidades estavam quase concluídas, reforçando o intuito dos responsáveis em driblar as ações da Prefeitura.
A operação de demolição contou com a presença de engenheiros, fiscais e equipes de apoio da Guarda Municipal. O local foi isolado para garantir a segurança dos trabalhadores e da população, e os destroços estão sendo removidos em etapas para evitar impactos no trânsito da região.
Impactos Urbanísticos e Criminais
A construção irregular em áreas como a Rua DW, no Recreio dos Bandeirantes, reflete um problema maior, ligado ao avanço do crime organizado sobre o território urbano. Essas áreas, muitas vezes controladas por milícias, são alvos frequentes de construções ilegais, com imóveis erguidos sem qualquer planejamento ou respeito às normas urbanísticas. Esses empreendimentos, além de comprometerem a segurança estrutural, representam uma ameaça à convivência coletiva e ao desenvolvimento ordenado da cidade.
“A atuação firme contra essas obras ilegais é uma mensagem clara de que a Prefeitura está comprometida com a proteção da cidade e de seus cidadãos. Obras como essa não apenas ferem as leis urbanísticas, mas também contribuem para a degradação de áreas inteiras, criando riscos para a população local”, ressaltou Carnevale.
Além disso, a demolição do imóvel cumpre um papel estratégico no enfrentamento às atividades criminosas. Imóveis erguidos sob influência do crime organizado frequentemente servem como fonte de financiamento para milícias, que lucram com a venda ou aluguel de unidades habitacionais. Ao demolir essas estruturas, o município busca enfraquecer a base econômica desses grupos.
Ação como Prevenção
A operação no Recreio dos Bandeirantes faz parte de um esforço contínuo da Prefeitura para combater construções irregulares em todo o Rio de Janeiro. Desde o início de 2024, diversas ações semelhantes foram realizadas, com foco em áreas onde a ilegalidade impacta diretamente a qualidade de vida da população. A SEOP tem trabalhado em parceria com outras secretarias e órgãos de segurança para garantir que essas operações sejam realizadas de forma eficiente e segura.
“Quando falamos de ordenamento urbano, estamos falando de algo muito maior do que apenas seguir as normas. Estamos falando de proteger vidas, de garantir que as pessoas possam viver em segurança e com dignidade. A demolição de hoje é um exemplo claro de que não vamos tolerar construções que desrespeitam essas premissas básicas”, concluiu o secretário.
Próximos Passos
Após a demolição completa, a área será monitorada para evitar novas tentativas de construção irregular. Além disso, os responsáveis pela obra poderão ser multados e responder judicialmente pelos danos causados. A Prefeitura também continuará fiscalizando imóveis na região do Recreio e em outros bairros para identificar e coibir irregularidades antes que atinjam proporções mais graves.
Para os moradores do entorno, a ação representa uma vitória no combate à desordem urbana. “A gente sempre via esse prédio crescendo de forma muito rápida e ficava com medo do que poderia acontecer. Saber que a Prefeitura está atuando nos dá mais segurança e esperança de que as coisas podem melhorar”, afirmou um morador que preferiu não se identificar.
Conclusão
A demolição do prédio na Rua DW é mais um capítulo na luta pelo ordenamento urbano no Rio de Janeiro. Com uma abordagem rigorosa e integrada, a Prefeitura reforça seu compromisso em proteger a cidade de construções irregulares e da influência do crime organizado, mostrando que a desordem não terá vez.