Nesta terça-feira o sistema Alerta Rio da prefeitura registrou uma sensação térmica impressionante: 50,1 graus em Santa Cruz. No mesmo bairro está o Hospital Pedro II, que é de responsabilidade da prefeitura. A sala vermelha da unidade, que é reservada para pacientes graves, porém, há duas semanas está sem ar condicionado.
Por ser um ambiente muito controlado, não é possivel abrir as janelas. Por causa do forte calor que se instaurou na sala, muitos pacientes passam mal durante o dia. No horário de visitação há quem leve revistas e leques para abanar seus familaires:
– Está mais fresco aqui fora do que lá dentro. Tive que ficar abanando minha esposa que está internada — contou Sergio Coutinho.
Já Jaqueline Gonçalves que acompanha a irmã que também está na internada na sala vermelha chegou a registrar um protocolo na central 1746 reclamendo da situação do local.
— Ela falou que de dia está insurportavel, e não sabe se vai conseguir dormir a noite. Os médicos e enfermeiros são heróis por trabalharem nessas condições — contou.
O aposentado Hélio Azevedo esteve no hospital nesta terça para visitar sua irmã, que está sendo acompanhada na unidade após ter um AVC. Segundo ele,
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que trata-se de um grande sistema de climatização. A empresa já iniciou as atividades de manutenção.
Funcionários denunciam óbitos
Quatro pacientes foram a óbito na noite de quinta-feira, entre 19h e 21h, na sala vermelha da emergência do Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, de acordo com profissionais do setor. Funcionários afirmam que o calor tem agravado o estado de saúde dos pacientes. O ar-condicionado do setor está quebrado desde o início do mês.
— O calor estar insuportável. E, para piorar, não há lençol. Os pacientes estão sofrendo, apenas com TNT sobre os colchões, que por serem forrados com plástico grosso, são muito quentes — diz uma profissional de saúde, que prefere manter o anonimato por medo de represália.

O EXTRA já havia denunciado a falta de refrigeração no setor, que recebe pacientes graves. No último dia 20, a Secretaria municipal de Saúde informou que havia solicitado o reparo do aparelho. Na ocasião, a sala amarela também estava sem refrigeração. Na época, a secretaria alegou que o equipamento havia sido desligado “erroneamente” e que estava apurando o que havia acontecido.

A Secretaria municipal de Saúde nega que quatro pessoas tenham morrido na sala vermelha da unidade entre 19h e 21h de quinta-feira. Em nota, afirma que, dos quatro óbitos registrados, dois são de pacientes que já chegaram mortos e outros dois eram pacientes graves, que “pioraram clinicamente em função de complicações relacionadas às suas condições de saúde”, não relacionadas ao calor.
A Secretaria de Saúde informou que o ar-condicionado da sala vermelha, assim como o dos CTIs, faz parte do sistema central de climatização e sua manutenção foi agendada. A pasta afirmou que os reparos nos aparelhos de ar-condicionado da sala amarela foram concluídos nesta quinta-feira.
Sobre a falta de lençóis, a secretaria informou que “o impasse burocrático para o fornecimento de roupa de cama já foi solucionado, e o material será entregue ainda nesta sexta-feira, dia 1º de novembro”.



