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DESPEJO DE ESGOTO EM AFLUENTES DO GUANDU PODE COLOCAR A VIDA DO CARIOCA EM RISCO
Uma nota técnica assinada por professores de diversos departamentos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirma que “há uma ameaça real à segurança hídrica da Região Metropolitana do Rio de Janeiro”. Segundo os especialistas, há despejo de esgoto nos Rios dos Poços, Queimados e Ipiranga, afluentes do rio Guandu, que desaguam a menos de 50 metros da barragem principal e da estrutura de captação de água da Cedae.
” É possível afirmar que a Região Metropolitana do Rio é refém da oferta quantitativa de água do rio Paraíba do Sul e da qualidade ambiental e sanitária dessa bacia.”, diz trecho da nota, que ressalta o “despejo de esgoto sanitário em estado bruto, ou seja, desprovidos de qualquer tratamento”.
Os professores que emitiram assinam a nota são docentes que desenvolvem pesquisas em assuntos relacionados à ecologia aquática, recursos hídricos, saneamento e saúde pública. Ao longo do parecer os especialistas ainda recomendaram medidas que a Cedae pode tomar para a resolução dos problemas.
Segundo os docentes, é necessário transparência sobre a situação da qualidade da água, modificações no sistema de governança de recursos hídricos e investimentos em saneamento básico.
“Esse problema crônico tem reflexos altamente negativos na economia e na saúde pública, e está diretamente relacionado com a perda da qualidade da água de nossos mananciais, aumentando o risco e a vulnerabilidade das populações humanas.”, dizem os professores sobre a falta de tratamento do esgoto.
Treze dias depois da crise no abastecimento de água, que apresenta sabor, odor e cor alterados, o presidente da Cedae, Hélio Cabral, falou pela primeira vez sobre assunto em uma entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira, na sede da companhia. Cabral pediu desculpas pelos transtornos causados à população e afirmou que “muito em breve” a situação será normalizada. A previsão da companhia é que o equipamento de carvão ativado seja instalado na próxima semana. Depois, segundo Cabral, a estimativa é de que a água do Guandu estará sem presença de geosmina dentro de 24 horas — para o consumidor, no entanto, a melhoria das condições ainda vai depender do tamanho do reservatório de cada residência.
Participam também da coletiva o diretor de saneamento e grande operação, Marcos Chimelli; e o gerente Guandu-Lameirão, Pedro Ortolano.
— Na torneira, não posso dar uma data porque depende do armazenamento. Quem tem uma quantidade grande de água antiga armazenada vai demorar mais — disse Hélio Cabral, que pediu desculpas à população:
— Aproveito para pedir desculpas a toda população pelos transtornos ocorridos no nosso abastecimento de água