Recebi esta semana um e-mail de uma leitora me perguntando como conciliar a agenda do fim do ano sem enlouquecer.
“Tenho sobrevivido aos dezembros de minha vida com um misto de alegria e exaustão. Amo ir às festas das crianças: da escola, do inglês, da natação, do balé, do judô. Amo o amigo-secreto do trabalho, da família, das amigas. Amo pensar nas listas de presentes, de compras para o jantar do dia 24, no almoço do dia 25, no jantar do 31 e no almoço do dia 1o. Amo organizar as férias, minhas malas, as malas das crianças, reservar hotel e passagens. Mas só de pensar em tudo isso, enquanto trabalho, ajudo meu filho a estudar para as provas finais, administro os conflitos da equação marido/mãe/pai/irmãos/cunhados, e faço contas para não começar janeiro mais endividada que comecei o ano anterior. Meu desejo é dormir e acordar em fevereiro. Como faço para não estrangular o primeiro papai Noel que encontrar na minha frente?”
A princípio, tive vontade de fazer companhia na missão estrangulamento (mentira!), de abraçar essa leitora, com quem me identifico profundamente, respirar e responder o básico: Estabeleça prioridades!
Não é preciso ir a todos os eventos. Quais são aqueles que importam de verdade?
Pense de forma simples
Não estamos mais em tempos de listas de presentes. Sério! Uma fornada de biscoitos e bolinhos bem embalados podem encantar mais do que ideias caras e mirabolantes. Se faltar habilidade na cozinha, aposte em chocolates, flores ou livros. Quem, neste mundo de “meu Deus!”, não gosta? No quesito ceia, visualize as sobras do ano passado e, de novo, pense de forma simples. Importante: o almoço dos dias 25 e 1o deve ser feito com o que sobrou dos dias 24 e 31. Favor respeitar a tradição.
Peça ajuda
Para as férias, para as malas, para tudo o que for preciso. Não precisamos dar conta de tudo sozinhas.
Escolha suas batalhas
Sua família inteira não vai se transformar da noite para o dia. E as festas não serão momentos pacíficos, com crianças sorridentes, discursos doces e abraços de reconciliação que você planejou. Simplesmente porque os convidados estão todos vivos, e a vida é dinâmica e surpreendente. Pense no seguinte mantra: “Não sou responsável pelo bem-estar do mundo nem pelo comportamento de todos. Não tenho tudo sob meu controle”.
Expectativa – mantenha a sua sob controle
Quem planeja demais, espera demais, antecipa demais, frustra-se e não aproveita as surpresas da vida. 1, 2, 3 e já… parou!
Mas não acredito que responder com os passos básicos da sobrevivência do fim de ano seja a melhor opção. Por três razões simples.
A primeira razão é que racionalizar não se aplica quando o que está em jogo são filhos, família e amigos.
A segunda razão é que talvez o que esteja em jogo não seja somente o trio filhos, família e amigos, empacotado com o trio falta de tempo, de paciência e, possivelmente, de recursos. Lidamos com eles o ano inteiro. Por que em dezembro aperta? Porque o que está em jogo é o fim de um ciclo, e tudo o que ele traz consigo: o atestado do que deu certo ou errado no ano que passou, o momento de se empossar dos desejos para o próximo ano de maneira que nos põe a anotar o que faremos daqui para frente, que nos convoca para o compromisso, que nos põe em contato com o medo de falhar.
A terceira razão é que falar desses passos como se fossem descomplicados seria mais do que injusto; seria desonesto. Estabelecer prioridades, pensar de forma simples, pedir ajuda, escolher as batalhas, manter a expectativa sob controle e se abrir para o novo são tarefas para lá de difíceis, missões não só para todos os meses do ano como para uma vida inteira.
O que posso responder para essa leitora, assim como para todas que me acompanharam em 2017, é que estamos juntas. Fiquemos juntas, tentemos juntas. Só não marco uma confraternização para abraçar cada uma porque… enfim, vocês sabem não é?
FONTE: CLAUDIA