O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou denúncia contra o tenente-coronel da Polícia Militar Ivan Blaz, conhecido por ter sido o porta-voz da corporação por anos. A denúncia, divulgada nesta semana, acusa Blaz pelos crimes de constrangimento ilegal e invasão de domicílio.
Segundo o MPRJ, o episódio ocorreu em janeiro de 2025, em um prédio residencial no bairro do Flamengo, na Zona Sul da capital fluminense. Na época, Ivan Blaz exercia o cargo de comandante do 2º Batalhão da PM (Botafogo).
De acordo com as investigações conduzidas pelo Ministério Público, Blaz autorizou uma operação de inteligência policial sem mandado judicial, após receber uma denúncia anônima de que um traficante conhecido como Peixão estaria visitando o pai em um dos apartamentos do edifício.
Mesmo sem qualquer mandado judicial ou indícios concretos de crime em flagrante, o tenente-coronel teria coordenado e permitido o ingresso forçado de policiais militares no imóvel, o que configura violação direta da Constituição Federal e da inviolabilidade do domicílio, conforme ressaltado na denúncia.
O Ministério Público considerou o ato como abuso de autoridade, destacando que a entrada no local foi ilegal e sem respaldo jurídico, expondo moradores e desrespeitando garantias fundamentais previstas em lei. “A ação foi desproporcional e compromete os princípios do Estado Democrático de Direito”, aponta o trecho da denúncia.
Além da responsabilização penal, o MPRJ requisitou a suspensão imediata da função pública de Ivan Blaz, medida que, se acatada pela Justiça, pode afastá-lo de qualquer função na Polícia Militar até o final do processo. A promotoria também deve solicitar acesso a imagens de câmeras de segurança do prédio e depoimentos de testemunhas para reforçar a acusação.
O caso causou forte repercussão nos bastidores da segurança pública do Rio de Janeiro. Ivan Blaz, que por anos foi a voz institucional da PMERJ nos principais telejornais e portais de notícia, é um dos oficiais mais conhecidos da corporação e tinha uma imagem pública de agente equilibrado e articulado.
Até o momento, a defesa do tenente-coronel não se pronunciou oficialmente sobre a denúncia. A Polícia Militar do Rio também não comentou o caso.
O andamento do processo está agora nas mãos da Justiça, que deverá decidir se aceita a denúncia e impõe as medidas cautelares solicitadas pelo MPRJ.
⚠️ O caso reacende o debate sobre os limites da atuação policial, o respeito às garantias constitucionais e o uso da força pública sem respaldo legal.