Na madrugada de sábado, 21 de dezembro, um acidente trágico envolvendo um ônibus, uma carreta e um carro na BR-116, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, deixou ao menos 41 mortos e uma marca indelével de dor. Entre as vítimas, uma família inteira perdeu a vida: Josinaldo Pereira, Bianca de Jesus Ferreira e sua filha, Valentina Pereira, de apenas 1 ano, que havia completado seu primeiro aniversário em outubro deste ano.
Os três viajavam de ônibus para Ipiaú, na Bahia, onde planejavam celebrar o Natal com a família de Bianca. Residente em Mauá, na Grande São Paulo, o casal decidiu aproveitar as festividades para rever parentes e compartilhar momentos de alegria, mas a jornada foi interrompida de forma devastadora.
O acidente e suas circunstâncias
O ônibus da empresa Emtram, que transportava 45 passageiros, incluindo o motorista, havia partido de São Paulo na manhã de sexta-feira. No km 285 da BR-116, o pneu do veículo estourou, levando à perda de controle e uma colisão fatal com uma carreta carregada de granito e um carro. O impacto gerou um incêndio que carbonizou boa parte das vítimas, dificultando o trabalho de identificação.
As autoridades locais relataram cenas de destruição absoluta no local. Equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e perícia da Polícia Civil de Minas Gerais foram mobilizadas para lidar com o desastre.
Uma das linhas de investigação aponta que o pneu do ônibus pode ter sido atingido por uma pedra que se soltou da carreta, o que teria causado o estouro e desencadeado o acidente. Segundo testemunhas, a carreta transportava granito e trafegava logo à frente do ônibus.
Um futuro interrompido
Josinaldo e Bianca estavam juntos há mais de cinco anos e eram descritos como um casal trabalhador e dedicado à criação da pequena Valentina. Ele era pintor industrial, enquanto Bianca trabalhava como auxiliar administrativa. Ambos sonhavam em dar à filha uma vida repleta de oportunidades.
Amigos e familiares lamentam a perda de uma família tão unida. “Eles estavam muito felizes com a viagem para a Bahia. Queriam apresentar a Valentina para os parentes que ainda não a conheciam pessoalmente. É devastador pensar que não vão chegar lá”, disse um parente próximo, em meio a lágrimas.
Valentina, apesar da pouca idade, já encantava a todos ao seu redor. “Ela era um anjo, sempre sorrindo, iluminando a vida de quem a conhecia. É muito difícil aceitar que ela se foi tão cedo, junto com os pais”, relatou uma amiga da família.
Tragédia de grandes proporções
Este acidente é um dos mais graves registrados na BR-116 em 2024, não apenas pelo número de vítimas, mas também pela complexidade do resgate e identificação. Dos 45 ocupantes do ônibus, apenas quatro sobreviveram, sendo que dois permanecem internados em estado grave.
A colisão também resultou na morte do motorista da carreta, enquanto o condutor do carro sofreu ferimentos leves. Equipes de resgate enfrentaram horas de trabalho para remover os corpos e liberar a rodovia, que ficou interditada por mais de 10 horas.
A Emtram, responsável pelo ônibus, emitiu uma nota lamentando profundamente o ocorrido e se comprometendo a colaborar com as investigações. A empresa também informou que está prestando assistência às famílias das vítimas.
Investigação e busca por respostas
A Polícia Civil de Minas Gerais segue apurando as causas do acidente. A hipótese de que uma pedra desprendida da carga da carreta tenha atingido o pneu do ônibus é uma das principais linhas de investigação. Especialistas também avaliam as condições de manutenção do ônibus e da rodovia.
Além disso, serão realizadas perícias detalhadas na carreta e no ônibus, e o depoimento dos sobreviventes será fundamental para esclarecer os momentos que antecederam a tragédia.
Luto e solidariedade
A comoção gerada pelo acidente é imensa. Nas redes sociais, amigos e conhecidos das vítimas expressam solidariedade às famílias. Em Mauá, vizinhos de Josinaldo, Bianca e Valentina organizaram uma vigília em memória da família. “É uma dor que não dá para descrever. Só nos resta orar e pedir forças para todos que perderam seus entes queridos”, afirmou um morador.
Já em Ipiaú, onde a família seria recebida, a notícia chocou a comunidade. “Estávamos todos animados para vê-los. Nunca imaginamos que uma coisa dessas pudesse acontecer. Estamos devastados”, declarou um tio de Bianca.
Reflexão sobre a segurança nas estradas
A tragédia reacende o debate sobre a segurança nas rodovias brasileiras, especialmente em trechos críticos como a BR-116. Conhecida como uma das principais vias de escoamento de cargas no país, a estrada é também palco frequente de acidentes graves.
Especialistas apontam a necessidade de melhorias na fiscalização de veículos de carga e no monitoramento das condições das rodovias. “Este acidente não pode ser apenas mais um número nas estatísticas. É preciso agir para evitar que vidas sejam perdidas de maneira tão trágica”, destacou um engenheiro de transportes.
Uma despedida dolorosa
Os corpos de Josinaldo, Bianca e Valentina serão velados em Mauá, antes de seguirem para o enterro na Bahia, onde familiares pretendem prestar as últimas homenagens.
A dor de perder três gerações de uma mesma família em um único evento é imensurável. Enquanto as investigações avançam, o Brasil se solidariza com as famílias das vítimas, em uma tentativa de amenizar uma tragédia que ficará marcada na memória de todos.