A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra Tamara Garcia, filha do falecido bicheiro Maninho, por lavagem de dinheiro e ocultação de bens relacionados a um luxuoso imóvel conhecido como “Casa de Vidro”, localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. A denúncia, que coloca um dos endereços mais badalados da região no centro de um esquema milionário, também envolve o contraventor Bernardo Bello, ex-marido de Tamara e figura conhecida no submundo carioca.
O imóvel em questão não é um endereço qualquer: avaliado em valores milionários, ele se destaca pelo seu estilo moderno e luxuoso. A casa ficou ainda mais famosa por ter sido alugada pelo volante Erik Pulgar, jogador do Flamengo, que desembolsava impressionantes R$ 70 mil mensais para residir no local. No entanto, apesar do valor exorbitante, o pagamento do aluguel era feito em espécie, o que chamou a atenção dos investigadores.
Erik Pulgar vira peça importante na investigação
Embora o jogador chileno não seja alvo da investigação nem suspeito de qualquer crime, o Ministério Público solicitou que ele seja ouvido como testemunha no caso. De acordo com o MP, Pulgar pode fornecer detalhes importantes sobre o contrato de locação, que previa formalmente o pagamento via transferências bancárias, mas acabou sendo realizado em dinheiro vivo.
Esse detalhe aparentemente simples revelou uma prática suspeita que levantou questionamentos sobre a origem dos valores envolvidos na transação. Para os investigadores, o pagamento em espécie é um indicativo clássico de tentativa de ocultação de recursos financeiros e, neste caso, pode ser parte de um esquema maior de lavagem de dinheiro ligado à família de Maninho e às atividades de Bernardo Bello.
O esquema da Casa de Vidro
As investigações apontam que a “Casa de Vidro” foi utilizada como meio para disfarçar patrimônio adquirido com dinheiro de atividades ilícitas. Tamara Garcia, herdeira direta do lendário bicheiro Maninho, teria se associado ao ex-marido, Bernardo Bello, para esconder a real origem dos bens. Segundo o Ministério Público, o casal utilizou uma série de manobras para ocultar a propriedade do imóvel e evitar que ele fosse associado ao dinheiro do jogo do bicho e de outras atividades criminosas.
Esse tipo de prática, conforme apontado pelos promotores, configura lavagem de dinheiro, um crime que visa dar aparência de legalidade a recursos obtidos de forma ilícita.
A trajetória de Tamara Garcia e Bernardo Bello
Tamara Garcia, apesar de manter um perfil mais discreto nos últimos anos, sempre foi ligada ao patrimônio construído pela família de Maninho. Já Bernardo Bello, seu ex-marido, é uma figura mais ativa e visada pelas autoridades. Considerado um dos líderes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, ele também é suspeito de envolvimento com outras práticas criminosas, como agiotagem e exploração de máquinas caça-níqueis.
Juntos, eles formaram uma espécie de “casal do crime” que, segundo o Ministério Público, administrou de forma estratégica os bens familiares e pessoais para manter as aparências e escapar das garras da Justiça. A Casa de Vidro, agora no centro das investigações, seria apenas a ponta do iceberg em um esquema muito maior.
Pagamento em espécie: um alerta aos investigadores
A investigação começou após uma série de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o imóvel. Segundo o Ministério Público, o pagamento mensal de R$ 70 mil em espécie é um valor considerado fora do comum até mesmo em contratos de alto padrão. Além disso, os promotores ressaltam que, no contrato formal, a forma de pagamento era estipulada como transferência bancária, o que indicaria uma tentativa de mascarar as irregularidades.
O fato de Erik Pulgar ter ocupado o imóvel e realizado os pagamentos coloca o volante chileno em uma posição de relevância no processo. Embora não haja qualquer indício de participação do jogador no esquema, sua proximidade com os proprietários e os pagamentos realizados em dinheiro vivo fazem dele uma peça-chave para elucidar o caso.
Próximos passos
Com a denúncia aceita pela Justiça, Tamara Garcia e Bernardo Bello passam agora à condição de réus e responderão judicialmente pelos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Caso condenados, as penas podem ultrapassar 10 anos de prisão, além de multas milionárias.
Enquanto isso, o jogador Erik Pulgar deverá ser chamado a depor nos próximos meses para esclarecer como era realizada a locação do imóvel e os detalhes sobre os pagamentos efetuados.
O caso da “Casa de Vidro” promete desdobramentos ainda mais explosivos nos próximos capítulos e reforça a constante vigilância das autoridades sobre as movimentações financeiras ligadas à contravenção no Rio de Janeiro.
Impacto na imagem do Flamengo e do jogador
Embora não envolvido diretamente no caso, a situação traz certa preocupação com a imagem do atleta e, por tabela, do Flamengo. Erik Pulgar, que é um dos destaques do time, agora vê seu nome vinculado a uma investigação criminal de grande repercussão no Rio.
Resta saber se o escândalo será suficiente para abalar a tranquilidade do volante fora de campo e se novos detalhes surgirão nas próximas etapas da investigação. A Casa de Vidro, antes símbolo de luxo e ostentação, agora se tornou um símbolo de mistério e crime.