O Rappa, banda com carreira encerrada após 25 anos, fez sua última turnê com três shows de despedidas. Os espetáculos, que tiveram início no dia 6 de abril, em Recife, se encerraram no último sábado (14) sob total desconforto. Os integrantes do grupo não se falavam entre si.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, os quatro integrantes originais restantes da banda, embora tentem contornar a realidade, admitem que “uns querem umas coisas, outros não”, como exemplifica Xandão Menezes, referindo-se às “diferenças pessoais”. Marcelo Lobato segue a mesma linha de raciocínio do colega, afirmando: “Quando um casamento começa a ficar ruim, pequenos detalhes vão desgastando”.
A inimizade entre os profissionais teria sido anunciada mesmo antes de eles começarem a carreira com O Rappa? Talvez, tendo em vista que, ao se reunirem em 1993, cada membro era muito diferente do outro. Assim, os cantores nunca foram propriamente amigos. “O início do Rappa foi muito bom, tinha o frescor […] Não tinha briga, vaidade”, declara Lobato.
Além disso tudo, com o fim do grupo, os profissionais acabam por culpar seus próprios colegas. Segundo o guitarrista Xandão, o maior problema da banda era “a irresponsabilidade de Falcão” devido a sua idade (o mais novo do grupo). Em 2011, depois de O Rappa ter dado uma parada e retornar finalmente aos palcos, houve um processo seletivo para decidir quem seria o novo empresário. O vocalista, Falcão, apresentou Chantily, revoltando Xandão: “Como era ideia dele, eu fui totalmente reticente. Ele quer ter controle do empresário para fazer as coisas do jeito dele”.
Contudo, Falcão confessa que não queria ter visto O Rappa se desintegrar. “Quem fala que acabou são eles, eu nunca falei”, dispara. Xandão, ao ser questionado sobre um possível retorno da banda, nega: “Não volta de jeito nenhum. Todo mundo sabe o que está acontecendo, o público sabe”. Lobato, porém, enxerga uma reconciliação, mas ressalta: “Tem que voltar com mais maturidade, mais respeito”.
No show do último sábado (14), o penúltimo de O Rappa, os integrantes ficaram em posições individualizadas no palco. Falcão ficou ao fundo, e quando “Pesadão” (parceria com Iza) começou a tocar, o vocalista dançou sozinho. No canto oposto, os outros músicos se reuniram, mas ficaram alheios a toda a situação. A banda tocou por três horas.