A longa caminhada de pacientes para encontrar uma fisioterapia incomodava Everton Alessandro Pereira da Silva, de 43 anos, desde que iniciou sua faculdade em 1994. Morador de Campo Grande, ele abriu o Instituto Elo há dois anos, com o objetivo de atender esta demanda. Por sessão, ele cobra R$ 12. Mas, garante, quem está numa situação difícil não fica sem atendimento:
— Os pacientes frequentemente são indicados para clínicas em bairros distantes, e, muitas vezes, eles não conseguem se deslocar. Aqui, recebemos pacientes encaminhados até do posto de saúde. E o que era para atender uma necessidade de Guaratiba, virou uma necessidade da Zona Oeste, pois recebemos pessoas de outros bairros.
É o caso de Anselmo Carvalho dos Santos, de 43, que se tornou cadeirante em 2015, e, por falta de dinheiro, não conseguia um tratamento. Até conhecer o espaço e iniciar as sessões. O aposentado conta com orgulho que hoje consegue andar, pegar água e tomar banho sozinho:
— Fiquei muito ruim, sem andar. Com o jeito dele meigo, amigo, sempre alegre e nos motivando, melhorei 100% — descreve Anselmo, que mora no mesmo bairro onde fica o instituto.
A fisioterapia conquistou Everton quando ele tinha 12 anos e era um atleta federado de handebol. As inúmeras lesões fizeram com que ele conhecesse a profissão. Em sua carreira, chegou a trabalhar com atletas de MMA como Anderson Silva, Ronaldo Jacaré e Erick Silva, através da Clínica Jackeline Figueiredo e a Academia Xgym. Também atuou com atendimento homecare e foi professor universitário de Anatomia Humana e Biomecânica. Até que decidiu mudar completamente.
![Everton tratando pacientes de sua clínica, em Pedra de Guaratiba](https://i0.wp.com/extra.globo.com/incoming/22505452-4b5-094/w448/xfisio2.jpg.pagespeed.ic.4OOMNPw6ID.jpg?ssl=1)
— Fui chamado de louco por ter deixado tudo. Mas ser esse veículo de fazer alguém ter a vontade de viver não tem preço. Hoje, entendo que, a exemplo do nome do instituto, formamos uma grande corrente aqui, onde um ajuda o outro — destaca Everton, que não deixou de atender atletas.
Foi quase um ano pedindo ajuda para amigos e divulgando o trabalho até fundar o instituto, que atende, atualmente, a 110 pessoas e já realizou mais de 11 mil sessões. Aos poucos, foi acrescentando equipamentos e já atende em quase todas as áreas da fisioterapia, desde um idoso com artrose até uma criança que está se recuperando de uma fratura na perna. Everton sonha em conseguir se dedicar à área de neurologia infantil.
— Precisaria de outro profissional para poder me dedicar com exclusividade aos pequenos especiais.
Lutador de MMA da equipe Team Nogueira, Edgar Mombasa, de 34, conheceu o fisioterapeuta na academia e fez questão de procurá-lo em Pedra de Guaratiba, após sofrer uma lesão. Depois de um tratamento mal-sucedido, em que não conseguia apoiar a perna, lembrou do amigo e, um mês depois, estava em pé:
— Foi meu anjo da guarda. É inspirador ver o carinho que ele tem com as pessoas. Vejo pacientes que estavam na cadeira de rodas e ganharam mobilidade.