A classificação histórica do Fluminense para a semifinal da Copa do Mundo de Clubes da FIFA rendeu ao clube um feito memorável dentro de campo — e cifras gigantescas fora dele. Com a vaga garantida entre os quatro melhores times do torneio, o Tricolor das Laranjeiras assegurou uma premiação total estimada em R$ 340 milhões. No entanto, a distribuição desse montante revela uma realidade menos animadora para as finanças brasileiras.
Dos R$ 340 milhões conquistados em premiações pela performance e bônus de participação, 30% permanecerão retidos nos Estados Unidos, país-sede do torneio. Trata-se de impostos e encargos relacionados à tributação local, contratos comerciais e acordos com patrocinadores e parceiros internacionais. Essa parte do valor jamais retornará ao Brasil, ficando integralmente no mercado norte-americano.
O restante, equivalente a 70% da premiação (cerca de R$ 238 milhões), será repatriado ao Brasil. No entanto, o valor que realmente impactará a receita nacional — e, mais diretamente, os cofres do próprio Fluminense — é bem menor. Segundo especialistas em economia do esporte e fontes ligadas à diretoria do clube, apenas 15% desse montante retornado ao país irá, de fato, para a receita oficial brasileira, o que representa aproximadamente R$ 35,7 milhões.
Esse valor é o que será registrado nos balanços financeiros do clube como receita operacional direta, podendo ser usado para quitar dívidas, investir em contratações, melhorias no CT, base e infraestrutura. O restante, cerca de R$ 202 milhões, será distribuído em diferentes frentes: pagamento de intermediários, agentes, comissões contratuais, encargos financeiros e outros compromissos assumidos pelo clube junto a investidores e parceiros comerciais.
Mesmo com essa realidade, o clube carioca celebra o resultado. Afinal, além do valor financeiro, a campanha no Mundial tem elevado a exposição internacional da marca Fluminense, atraindo novos patrocinadores, fortalecendo laços com a torcida e aumentando as vendas de produtos licenciados no exterior.
Segundo fontes da diretoria tricolor, o desempenho no torneio já gerou interesse de empresas estrangeiras, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, em possíveis acordos de marketing e patrocínio. Há também uma expectativa de valorização de jogadores, o que pode gerar novas receitas com futuras vendas.
Contudo, a discrepância entre o valor conquistado e o efetivamente aproveitado no Brasil acende um alerta para o futebol nacional. A burocracia, os altos custos de operação e a complexidade tributária internacional tornam cada vez mais difícil para os clubes brasileiros reterem integralmente os frutos de suas conquistas globais.
Mesmo assim, o torcedor tem muitos motivos para comemorar. O Fluminense segue vivo no maior torneio de clubes do planeta, levando consigo não só o sonho do título mundial, mas também o nome do futebol brasileiro aos olhos do mundo.