O Fórum Regional de Campo Grande, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrenta uma das piores crises estruturais de sua história. De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Dia, a unidade judiciária está mergulhada em um cenário de morosidade extrema, impulsionado pela ausência de juízes titulares e pela escassez de servidores efetivos. A situação crítica tem afetado diretamente o andamento de milhares de processos e provocado indignação entre advogados e cidadãos que dependem da Justiça para resolver suas demandas.
A 1ª Vara Cível do fórum é um retrato do caos: acumula cerca de 10 mil processos e está há mais de dois anos sem um juiz titular. O atendimento ao público e a movimentação processual são realizados por apenas três servidores e cinco estagiários — estes últimos, segundo advogados, muitas vezes sem preparo técnico suficiente para lidar com casos complexos. A falta de estrutura compromete a qualidade do serviço e alimenta um ciclo de lentidão que prejudica diretamente a população.
A situação se repete na 4ª Vara de Família, onde cerca de nove mil processos aguardam andamento. A vara está sem juiz titular desde julho de 2024 e também sofre com a limitação de pessoal: apenas cinco servidores e três estagiários tentam manter o funcionamento básico da unidade. A sobrecarga é tamanha que prazos são frequentemente descumpridos, audiências são adiadas por tempo indeterminado, e decisões urgentes, como em casos de pensão alimentícia ou guarda de menores, enfrentam atrasos inaceitáveis.
Embora a 8ª Vara Cível apresente um ritmo processual mais eficiente, a solução adotada está longe de ser ideal. A vara é atendida por uma juíza que também responde pela 3ª Vara Cível de Santa Cruz, o que naturalmente gera acúmulo de trabalho e limita sua capacidade de atendimento individualizado. Esse tipo de sobreposição é sintomático de um sistema que opera no limite de sua capacidade funcional.
Diante do cenário alarmante, a Comissão de Celeridade Processual da OAB-RJ realizou uma visita técnica ao fórum para apurar as condições de trabalho e a estrutura disponível. A comissão confirmou as deficiências relatadas pelos profissionais da área e se comprometeu a apresentar as demandas à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na tentativa de pressionar por medidas que garantam maior fluidez ao trabalho da advocacia e, principalmente, uma prestação jurisdicional digna para a população da Zona Oeste.
Até o momento, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não se manifestou oficialmente sobre o caso, apesar das reiteradas solicitações de resposta por parte da imprensa e de entidades de classe. Enquanto isso, milhares de processos seguem parados, e a Justiça, que já é lenta, caminha ainda mais devagar em Campo Grande — prejudicando famílias, empresas e cidadãos que aguardam uma solução.
A crise no fórum escancara a urgência de investimentos e planejamento por parte do Judiciário fluminense. Sem juízes, sem estrutura e com servidores exaustos, o acesso à Justiça torna-se um privilégio distante para milhares de moradores da Zona Oeste.