O clima de tensão que assola a Baixada Fluminense ganhou mais um capítulo sangrento na tarde deste domingo, 15 de junho de 2025. Por volta das 15h51, moradores que passavam pela Avenida Abílio Augusto Távora, no bairro Cabuçu, em Nova Iguaçu, se depararam com uma cena de filme policial: um veículo estacionado nas proximidades da UPA de Cabuçu com dois homens mortos no banco dianteiro.
As vítimas, ainda não identificadas, exibiam marcas de tiros na região da cabeça e do tórax, indicando uma possível execução a queima‑roupa. Populares acionaram imediatamente a Polícia Militar, que isolou a área para o trabalho da perícia da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Dentro do automóvel, os agentes recolheram um fuzil de calibre restrito, quatro carregadores cheios e um telefone celular — indícios que levantam suspeitas de ligação dos mortos com atividades criminosas ou, ao menos, de que transportavam armamento para terceiros. A DHBF manteve o conteúdo do celular sob sigilo, mas especialistas em inteligência de dados já iniciaram a extração de informações que possam revelar rotas, contatos ou o mandante do crime.
Segundo um investigador ouvido pela nossa reportagem, que preferiu não se identificar, tudo indica que a dupla foi surpreendida antes de qualquer reação: “Pelas perfurações, notamos disparos certeiros de curta distância. Até agora, nada aponta para latrocínio. Trabalhamos fortemente com a hipótese de acerto de contas ou queima de arquivo.” Câmeras de segurança de estabelecimentos próximos foram requisitadas e podem ajudar a traçar a fuga dos suspeitos, que abandonaram o carro sem deixar rastros aparentes.
O caso rapidamente repercutiu entre os moradores de Cabuçu, região historicamente marcada por disputas entre facções rivais e milicianos. “A gente não tem mais sossego; a violência está batendo na nossa porta todo dia”, desabafou uma comerciante, preferindo o anonimato por medo de represálias. Em 2024, a Baixada Fluminense registrou mais de 1 800 homicídios, segundo o Instituto de Segurança Pública, um aumento de 12 % em relação ao ano anterior — estatística que mantém a área no triste topo dos índices de assassinatos no estado do Rio de Janeiro.
A Polícia Civil pede que qualquer pessoa com informações sobre o caso ligue para o Disque‑Denúncia (2253‑1177). O anonimato é garantido. Enquanto isso, familiares das vítimas tentam o reconhecimento dos corpos no Instituto Médico‑Legal de Nova Iguaçu, na esperança de entender por que duas vidas foram ceifadas de forma tão brutal.
A investigação segue em sigilo, mas a DHBF promete reforçar o patrulhamento ostensivo e avançar na análise balística do fuzil apreendido, buscando ligar a arma a outros crimes na região. Para os moradores, contudo, fica o apelo: mais segurança e respostas rápidas, antes que o próximo capítulo violento manche novamente as ruas da Baixada.
