Um mural de grafitti desenhado na parede de uma escola em Bangu, zona oeste do Rio, tem rendido polêmica nas redes sociais. A arte, iniciada no dia 3 deste mês, tem mais de 200 metros quadrados e ocupa toda a extensão do prédio em um show de cores e traços. O projeto, denominado “O amor é a base da vida”, que acabou virando ponto cultural do bairro após a polêmica instalada, é do muralista e artista plástico Léo Shun e está localizado na Escola Estadual Collecchio. “A obra expressa o amor como base e isso se encaixa perfeitamente em um colégio onde o amor aos alunos, ao ensino e à educação são fundamentais para um ambiente onde o aprendizado está ligado à felicidade. Além disso, o amor é fundamental numa escola por ser um local onde as pessoas se relacionam em amizade, carinho, respeito e aprendizado”, disse Shun.
No último dia 8, o artista foi surpreendido com uma postagem de uma pessoa na página do bairro no facebook chamada “Eu Moro em Bangu” criticando o seu trabalho e a iniciativa da Collecchio em apoiar e incentivar a arte do graffiti. Na postagem, a página expõe a foto do trabalho incompleto, junto com o seguinte texto: “Escola nenhuma deveria ter qualquer tipo de grafitti nas suas dependências”, o que gerou polêmica, inúmeros comentários e compartilhamentos. A postagem original foi apagada posteriormente.
“É lamentável o que os responsáveis por essa página fizeram: julgaram minha arte sem nem ao menos estar finalizada e nem se deram ao trabalho de buscar saber do que se tratava. Quando faço minha arte, gosto que as pessoas interajam com ela e tenham suas próprias percepções, porém para se ter qualquer percepção sobre uma obra é necessário que pelo menos ela esteja finalizada, aí sim pode-se ter alguma opinião sobre ela. O que eles fizeram foi um ato de extrema ignorância, desvalorizando o graffiti, censurando a arte urbana nas escolas e sendo preconceituosos, pois criaram um conceito sobre minha arte sem nenhuma base, conhecimento ou pesquisa”, afirmou Shun.
Segundo o artista, ele busca valorizar o bairro em que nasceu e se criou. “Por isso os meus maiores projetos são voltados pra cá. Ao longo da minha trajetória já realizei centenas de atividades em diversas escolas de diferentes partes do Rio de Janeiro e posso dizer que a Collecchio é uma das escolas mais fantásticas que já conheci, vi amor e cuidado com os alunos, vi pessoas que usam a arte como uma ferramenta de vida e transformação, vi profissionais sérios que proporcionam aos alunos um aprendizado de qualidade, lúdico e enriquecedor”, disse o autor do grafite.
Ao Portal Eu, Rio!, o administrador da página “Eu Moro em Bangu”, que preferiu não se identificar, deu sua versão sobre o episodio. “Simplesmente compartilhamos um post de um seguidor com o questionamento dele. No compartilhamento, coloquei aquela minha opinião pessoal (‘Escola nenhuma deveria ter qualquer tipo de grafite nas suas dependências’). Fizeram um estardalhaço, como se eu tivesse preconceito com o grafite. Parece que as pessoas só querem entender aquilo que satisfaz suas ideias. Infelizmente, o criador da postagem apagou. Não estamos aqui para criar divergências no bairro, portanto que fiquem com o grafite na escola, o qual respeito, e eu com minha opinião”, contou.
Fonte: Portal Eu, Rio!