A guerra entre milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro faz mais uma vítima. Um morador de Santa Margarida, bairro de Campo Grande, desapareceu após ser abordado por criminosos armados na região da João 23, em Santa Cruz, enquanto realizava uma corrida pelo aplicativo 99. Desde então, o rapaz não foi mais visto. Desesperada, a família clama por uma solução e pede, ao menos, o corpo do jovem para poder se despedir.
O caso ocorreu em meio a uma escalada de violência cada vez mais intensa entre facções paramilitares que disputam o controle territorial da Zona Oeste. Segundo relatos de moradores e familiares, o trabalhador de aplicativo havia aceitado uma corrida com destino à João 23, área conhecida pelo forte domínio de milicianos. Ao chegar, foi interceptado e levado à força.
A tragédia evidencia um cenário alarmante: trabalhadores que dependem dos aplicativos de transporte ou de entregas estão sendo mortos ou desaparecendo apenas por serem moradores de comunidades consideradas “rivais” por grupos criminosos. Mesmo quem não tem qualquer envolvimento com atividades ilegais acaba se tornando alvo dessa guerra sem regras.
A família da vítima, em choque, só deseja recuperar o corpo do jovem para prestar as últimas homenagens. “A gente sabe que ele não volta mais. Só queremos dar a ele um enterro digno”, disse um parente, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
O avanço das milícias em bairros como Santa Cruz, Campo Grande, Paciência e Cosmos tem imposto uma rotina de terror para quem precisa trabalhar nas ruas. Além das extorsões e ameaças constantes, agora motoristas de aplicativo e entregadores vivem sob o risco de serem confundidos, julgados e mortos em áreas controladas por grupos rivais, sem direito à defesa.
Moradores locais afirmam que a disputa por território se acirrou nos últimos meses, com relatos frequentes de tiroteios, desaparecimentos e assassinatos brutais. Apesar das operações policiais pontuais, a sensação é de abandono e medo permanente.
A história desse trabalhador é mais uma dentre tantas que se acumulam silenciosamente, sem comover autoridades ou trazer respostas rápidas para as famílias enlutadas. Enquanto a guerra entre as milícias ultrapassa qualquer limite de humanidade, o cidadão comum segue desamparado — pagando com a própria vida o preço da violência que tomou conta da Zona Oeste.