Hoje é feriado nacional, mas você sabe realmente por que o Brasil para neste dia 21 de abril? A data marca a execução de Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes — uma das figuras mais emblemáticas da luta pela independência do Brasil e símbolo máximo da Inconfidência Mineira. Mais do que um nome nos livros de história, Tiradentes foi um homem multifacetado que viveu intensamente os ideais de liberdade, justiça e mudança em uma época de opressão colonial.
O Brasil sob domínio português
No século XVIII, o Brasil era uma colônia submetida ao rigoroso controle da Coroa portuguesa. Altos impostos, exploração econômica e falta de autonomia política geravam insatisfação entre os colonos, especialmente nas regiões de maior atividade econômica, como Minas Gerais. Foi nesse cenário que surgiu a Inconfidência Mineira, um movimento revolucionário inspirado nas ideias iluministas europeias e nos recentes exemplos da independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa.
Quem foi Tiradentes?
Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 1746, em Minas Gerais, e ficou conhecido como “Tiradentes” por exercer a profissão de dentista — além de atuar como militar, farmacêutico, tropeiro e comerciante. Autodidata, era um homem simples, mas com uma forte consciência social e política. Sua versatilidade refletia a realidade dos brasileiros daquela época, que precisavam se desdobrar para sobreviver.
Mas foi como propagandista da Inconfidência Mineira que Tiradentes se destacou. Ele viajou por cidades de Minas Gerais buscando apoio para a causa, defendendo com coragem o fim do domínio português e a criação de uma república independente. Enquanto outros conspiradores hesitavam, Tiradentes se mostrava cada vez mais convicto.
A conspiração e a traição
O plano dos inconfidentes era iniciar a revolta no momento em que a Coroa portuguesa fosse cobrar a temida derrama — uma cobrança forçada de impostos atrasados. No entanto, o movimento foi traído por um dos envolvidos, Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou a conspiração às autoridades em troca de recompensas.
Os líderes da Inconfidência foram presos e julgados. Enquanto alguns conseguiram penas mais brandas ou o perdão da rainha, Tiradentes assumiu toda a responsabilidade. Ele foi condenado à morte por enforcamento, numa tentativa da Coroa de dar um exemplo e desencorajar futuras rebeliões.
A morte brutal de um símbolo
No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi executado no Rio de Janeiro. Após o enforcamento, seu corpo foi esquartejado. Partes dele foram expostas em postes ao longo das estradas de Minas Gerais, como forma de intimidar a população. A casa onde ele morava foi queimada e o local foi salgado, um símbolo de punição eterna.
No entanto, o efeito foi o oposto. Com o tempo, a figura de Tiradentes passou de “traidor da Coroa” a herói nacional. Sua imagem de mártir inspirou gerações e, especialmente a partir da proclamação da República em 1889, ele foi adotado como símbolo da luta pela liberdade e contra a opressão.
Por que hoje é feriado?
O 21 de abril tornou-se feriado nacional em homenagem à coragem e ao idealismo de Tiradentes. Mais do que lembrar sua morte, a data celebra a luta por independência, justiça e soberania — princípios fundamentais para a construção do Brasil como nação.
Ao lembrar Tiradentes, lembramos também que a liberdade nunca foi dada de graça. Ela foi conquistada por pessoas que arriscaram tudo por um país melhor. Hoje, enquanto muitos aproveitam o descanso do feriado, vale a reflexão: o que Tiradentes representa para o Brasil de hoje? E o que cada um de nós tem feito para honrar esse legado?