A historiadora recém-formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), Júlia de Castro, vem denunciando uma série de perseguições e ataques desde que tornou público seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ela, as hostilidades tiveram início ainda dentro do ambiente acadêmico e se intensificaram nas redes sociais após sua colação de grau.
Júlia ingressou na UFRJ em 2019 e relatou que, desde o início de sua jornada acadêmica, percebeu uma forte inclinação político-partidária dentro da instituição. Em entrevista, ela afirmou que diversas aulas eram utilizadas para propagar discursos contrários a Bolsonaro e para defender ideais socialistas. Nos primeiros anos do curso, optou por manter suas opiniões em silêncio para evitar confrontos.
No entanto, tudo mudou em outubro de 2022, quando ela decidiu tornar público seu posicionamento político. A partir desse momento, Júlia começou a receber uma enxurrada de ameaças e ofensas, tanto no ambiente virtual quanto dentro da própria universidade. Segundo a historiadora, algumas mensagens continham frases intimidadoras como “Seus dias na Unirio estão contados” e “Sai da Unirio e vai estudar na puta que te pariu então”, enviadas por colegas de curso.
Os ataques não se limitaram apenas a mensagens ofensivas. Júlia também relatou ter sido excluída de grupos de estudo e de diversas atividades acadêmicas. Segundo ela, alguns colegas chegaram a sugerir que ela deixasse de frequentar as aulas, criando um ambiente hostil e insustentável para sua formação acadêmica. Temendo prejuízos acadêmicos e até mesmo represálias mais graves, a historiadora buscou apoio jurídico e decidiu denunciar publicamente as ameaças.
Entretanto, a perseguição não cessou com sua graduação. Pelo contrário, após sua formatura, os ataques se intensificaram. Grupos de esquerda começaram a invadir suas redes sociais, promovendo campanhas para descredibilizar sua formação acadêmica e até sugerindo que seu diploma fosse invalidado. Nos últimos dias, Júlia tem sido alvo de uma nova onda de ataques virtuais, recebendo novamente uma série de ofensas e ameaças.
Apesar da gravidade da situação, até o momento, a Unirio não se posicionou oficialmente sobre o caso. A falta de resposta por parte da instituição tem sido criticada por apoiadores da historiadora, que cobram um pronunciamento e medidas para garantir a segurança de alunos que possuem posicionamentos divergentes dentro do ambiente acadêmico.
A história de Júlia de Castro evidencia um problema recorrente dentro das universidades brasileiras: a intolerância política e a perseguição ideológica. O ambiente acadêmico, que deveria ser um espaço de pluralidade de ideias e debates respeitosos, tem se tornado palco de embates cada vez mais polarizados. Enquanto a liberdade de expressão é um direito fundamental, muitos estudantes relatam que divergir da ideologia dominante pode resultar em represálias severas.
Diante do caso, especialistas em direito acadêmico alertam para a importância de garantir um ambiente universitário seguro para todos, independentemente de suas opiniões políticas. Eles ressaltam que o direito à livre expressão deve ser preservado e que qualquer forma de intimidação dentro das universidades deve ser coibida.
Enquanto a Unirio não se manifesta, Júlia segue enfrentando os ataques, mas também recebendo apoio de diversas pessoas e entidades que defendem a liberdade acadêmica. Para ela, o mais importante é expor a situação e lutar para que outros estudantes não passem pelo mesmo tipo de perseguição. “Eu não posso me calar diante disso. Precisamos de universidades onde todos possam expressar suas opiniões sem medo”, afirmou a historiadora.