O juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça, determinou a expedição de um novo mandado de prisão preventiva contra Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica. A decisão é fruto de uma investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) sobre o desaparecimento de dois integrantes de uma quadrilha rival à do miliciano, que é investigado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Orlando vai responder por homicídio e ocultação de cadáver.
De acordo com a delegada titular da DDPA, Elen Souto, Orlando ordenou as mortes de Luiz Otavio Mascarenhas Queluci e Marcos André Gomes, em fevereiro de 2017. As vítimas, de acordo com a investigação, integravam um grupo rival ao de Curicica.
— Luiz Otávio e Marcos André eram integrantes remanescentes da milícia da Boiúna. Esse grupo era rival ao de Curirica. Todos os seus integrantes foram presos ou mortos pela milícia da Curicica — conta a delegada.
As duas vítimas não foram mais vistas após terem ido a um bar, na Taquara, no dia 6 de fevereiro de 2017. De acordo com testemunhas ouvidas na delegacia, eles iriam a um encontro de milicianos. O carro em que estavam na ocasião, um Chevrolet Cruze clonado, foi encontrado em Jacarepaguá, na Zona Oeste, carbonizado. No veículo, os agentes encontraram um chaveiro que pertencia a Luiz Otávio. Parentes do homem contaram que, no final de 2016, ele teve que fugir de Curicica, onde morava com a família, por conta de ameaças do grupo de Orlando.

Já parentes de Marcus, que tinha o apelido de Carrapicho mostraram à polícia áudios de WhatsApp que receberam após o desaparecimento. “Carrapicho morreu! Só 18 tiros!”, dizia um homem num dos áudios.
Segundo a sentença que decretou a prisão, “a garantia da ordem pública estará comprometida, se em liberdade estiver o denunciado, diante do modus operandi de que teria se valido para a prática do delito”.
Preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Orlando prestou depoimento à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do estado potiguar, afirmando ser coagido pela Delegacia Homicídios da Capital (DH-Capital) a assumir a execução do homicídio de Marielle e de seu motorista. O novo depoimento de Curicica está no gabinete da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Se ela entender que a investigação está sob suspeita, ela pode vir a pedir a federalização do caso.