Em Ruanda, na África, uma história impressionante tem chamado atenção do mundo e levantado debates sobre saúde mental e fobias específicas. Callitxe Nzamwita, de 71 anos, vive há mais de cinco décadas completamente isolado dentro de sua casa devido a uma condição rara e severa: ginofobia — um medo irracional e intenso de mulheres.
Desde os 16 anos, Callitxe evita qualquer contato com o sexo feminino. Para garantir essa distância, ele construiu uma cerca com mais de quatro metros de altura ao redor de sua residência, funcionando como um verdadeiro muro de proteção contra aquilo que mais teme. Nenhuma mulher pode se aproximar, sob risco de causar nele crises de ansiedade severas.
Apesar do isolamento extremo, é justamente a solidariedade feminina que permite sua sobrevivência. Mulheres da comunidade, cientes de sua condição, lançam alimentos e itens essenciais por cima da cerca, respeitando sua limitação, mas garantindo que ele não passe fome ou fique desamparado. Essa rotina se repete há décadas, revelando um elo curioso entre medo e empatia.
A ginofobia é um transtorno de ansiedade debilitante, caracterizado por sintomas como náusea, suor excessivo, tremores, tontura, dificuldade para respirar, palpitações e dores no estômago ao menor contato ou até mesmo à simples presença de uma mulher. É uma condição que pode surgir a partir de traumas profundos e, sem tratamento adequado, tende a se agravar com o tempo.
O caso de Callitxe Nzamwita é extremo, mas levanta um alerta importante: milhões de pessoas vivem com fobias que impactam profundamente sua qualidade de vida. Em regiões como Ruanda, onde o acesso a serviços de saúde mental é limitado, essas condições frequentemente passam despercebidas, sem diagnóstico ou tratamento.
A história desse homem que se tornou prisioneiro de seu próprio medo é, ao mesmo tempo, um retrato da gravidade dos transtornos mentais e uma demonstração da força da solidariedade humana. Enquanto Callitxe permanece isolado do mundo exterior, é o cuidado silencioso de outras pessoas — especialmente daquelas que ele teme — que mantém viva sua esperança.