Um dos capítulos mais sombrios da história da Irlanda voltou ao centro das atenções mundiais com a descoberta confirmada de quase 800 corpos de bebês enterrados em uma cova coletiva nos terrenos do antigo St. Mary’s Mother and Baby Home, localizado em Tuam, no condado de Galway. A instituição, que funcionou entre 1925 e 1961, era administrada pelas irmãs Bon Secours, uma congregação católica.
As revelações chocantes começaram a emergir em 2014, quando a historiadora local Catherine Corless expôs a existência de 796 certidões de óbito de crianças associadas à instituição, sem que houvesse qualquer documentação oficial sobre seus sepultamentos. As suspeitas de enterros clandestinos cresceram, e escavações realizadas entre 2016 e 2017 acabaram confirmando o pior: restos mortais foram encontrados em um antigo tanque séptico desativado, no terreno do abrigo. As idades das vítimas variam entre 35 semanas de gestação e 3 anos de idade.
A comoção pública foi imediata, levando à abertura de uma investigação oficial pelo governo irlandês e à criação da Comissão de Casas de Mães e Bebês, que publicou um inquérito completo em 2021. O relatório confirmou que aproximadamente 9.000 crianças morreram em diversas instituições similares pelo país, durante décadas de funcionamento desses locais.
Agora, em 16 de junho de 2025, uma nova fase se iniciou: uma escavação em larga escala foi oficialmente lançada, sob comando do órgão estatal Office of the Director of Authorised Intervention (ODAIT), com o apoio de arqueólogos forenses e especialistas de vários países. A operação, com duração prevista de até dois anos, tem como missão:
- Recuperar os restos mortais das vítimas;
- Realizar análises forenses detalhadas;
- Identificar possíveis parentes por meio de exames de DNA;
- E garantir um enterro digno às vítimas, com cerimônias para os identificados e também para os que permanecerem anônimos.
A congregação das irmãs Bon Secours, que por décadas administrou o abrigo, emitiu um pedido formal de desculpas, assim como o governo irlandês, reconhecendo as falhas sistêmicas e o sofrimento causado a milhares de mães solteiras e seus filhos internados nessas instituições.
A história de Tuam se tornou um símbolo da luta por memória, justiça e reparação na Irlanda. Para muitos, o que foi encontrado sob o solo da antiga instituição é mais do que restos humanos — é a verdade, enfim revelada, sobre um passado de silêncio, dor e negligência.
✅ Em resumo:
- Instituição: St. Mary’s Mother and Baby Home, em Tuam;
- Administração: irmãs Bon Secours;
- Período de funcionamento: 1925 a 1961;
- Vítimas confirmadas: cerca de 796 bebês e crianças pequenas;
- Local do achado: tanque séptico desativado;
- Escavação atual: iniciada em junho de 2025, com duração prevista de até dois anos.
📌 Esse caso segue como um dos maiores esforços de resgate histórico e humano na Irlanda contemporânea.