Referência para tratamentos pediátricos de alta complexidade, o Hospital Estadual da Criança, na Vila Valqueire, vai realizar uma imersão de urologia pediátrica nos dois primeiros dias de agosto. Duas crianças com extrofia de bexiga, uma rara má-formação congênita, com incidência de um caso em 10 a 30 mil nascimentos, passarão por cirurgias no hospital.
Esse tipo de procedimento é o mais complexo da urologia pediátrica, dado que as crianças nascem com a bexiga exposta, com defeito dos genitais internos e externos e com deformidade na bacia. São completamente incontinentes do aparelho urinário e não possuem o músculo retentor da urina.
Assim, necessitam de cirurgia, de preferência nos primeiros 6 meses de vida, conforme explica a diretora do hospital, Heloisa Graça Aranha.
– Esse tipo de cirurgia é muito importante, pois permite uma melhor sociabilidade e dignidade da criança durante sua vida – conta.
O histórico do hospital com o procedimento é muito positivo, com 25 crianças operadas e em acompanhamento, e seis novos casos nos últimos 12 meses. A cirurgia leva em média 10 horas, com uma equipe de seis cirurgiões, dois anestesistas e dois instrumentadores. O coordenador da Cirurgia Pediátrica do hospital, Francisco Nicanor, esclarece que o procedimento tem três objetivos principais.
– A nossa função é proteger o aparelho urinário contra as infecções, resolver a deformidade anatômica, conseguir uma boa estética e fazer com que a criança tenha uma vida normal e totalmente socializável – detalha.
Estas cirurgias só são realizadas em centros de tratamento de alta complexidade como o Hospital Estadual da Criança, visto que se faz necessário cirurgiões experientes, centro cirúrgico muito bem equipado, instrumentais e insumos especiais, além de UTI pediátrica para pacientes graves. Todos os requisitos citados estão disponíveis na unidade, o que a coloca entre os 10 principais centros brasileiros habilitados para este tipo de complexidade