Na manhã desta segunda-feira (23), uma cena de horror chocou motoristas e moradores que trafegavam pela Avenida Brasil, na pista lateral, na altura de Bangu. Três trabalhadores foram alvejados dentro de um carro que seguia rumo ao Ceasa, em Irajá. Duas das vítimas morreram no local. A terceira segue internada em estado grave. Segundo investigações preliminares, eles teriam sido confundidos com milicianos.
As vítimas fatais foram identificadas como Davi da Silva Castelo, de 45 anos, e Yago Lopes, de 31 anos. Ambos moravam no bairro do Catiri, na Zona Oeste do Rio, e eram trabalhadores conhecidos por colegas e vizinhos. Davi era gerente de uma loja no Ceasa e dirigia o veículo no momento do ataque. Yago, por sua vez, morreu segurando as quentinhas que levaria para os colegas de trabalho — um detalhe que revoltou a comunidade e familiares.
De acordo com testemunhas, os disparos vieram de criminosos fortemente armados que interceptaram o veículo na altura de Bangu. A linha de investigação aponta para um caso de confusão por parte de criminosos que teriam acreditado se tratar de integrantes de uma milícia rival. No entanto, as três vítimas não possuíam qualquer ligação com o crime organizado.
O terceiro ocupante do veículo, identificado como Charles Queiroz, foi baleado e socorrido com vida. Ele está internado no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Charles trabalhava como porteiro no Centro do Rio e, segundo testemunhas, desceria na estação de metrô Coelho Neto para seguir ao trabalho. Seu estado de saúde é considerado grave, mas estável.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) esteve no local realizando perícia e recolhendo imagens de câmeras de segurança da região. Familiares e colegas das vítimas também prestaram depoimento. Um parente de Davi declarou, emocionado: “Eles só queriam trabalhar. Saíam cedo, enfrentavam ônibus lotado, trânsito… e agora isso. Uma covardia sem tamanho”.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o veículo crivado de balas e os corpos das vítimas ainda dentro do carro. O caso gerou grande comoção e revolta entre moradores do Catiri e trabalhadores do Ceasa, que prestaram homenagens nas redes sociais.
A principal linha de investigação considera que o ataque tenha sido motivado por guerra entre facções criminosas na região. A polícia ainda não confirma oficialmente essa hipótese, mas trabalha com informações que indicam um possível erro de reconhecimento por parte dos criminosos.
A Secretaria de Segurança Pública informou que reforçará o policiamento nas vias expressas da Zona Oeste e que está empenhada na identificação dos autores do crime.
Enquanto isso, famílias choram a perda de trabalhadores inocentes, vítimas de uma guerra que transforma cidadãos comuns em alvos. A cidade, mais uma vez, amanheceu com sangue de inocentes derramado no asfalto.