A violência na Zona Oeste do Rio de Janeiro fez mais uma vítima na manhã desta segunda-feira (17). O policial militar reformado Marcos Antônio Cortinas Lopez, de 58 anos, foi brutalmente assassinado a tiros enquanto dirigia sua BMW X6 na Avenida das Américas, nas imediações do Vogue Square, na Barra da Tijuca. O crime foi cometido por criminosos que se aproximaram da vítima em duas motos e efetuaram vários disparos. Após o ataque, os assassinos fugiram do local sem deixar pistas.
Segundo informações da Polícia Militar, os atiradores estavam em duas motocicletas que acompanhavam um Chevrolet Cobalt branco. O carro foi abandonado na cena do crime, e o motorista teria fugido com um dos motoqueiros. As investigações sobre o caso estão em andamento, mas já levantam suspeitas sobre a relação do homicídio com disputas dentro do crime organizado.
Ligado ao setor de telecomunicações
Marcos Antônio Cortinas Lopez não era apenas um ex-policial militar. Ele era também sócio majoritário da Vip Rio Telecomunicações LTDA, uma empresa de telefonia registrada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A companhia operava na distribuição de sinal de internet, telefonia e TV a cabo para milhares de clientes na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região conhecida por ser um dos principais redutos da milícia no estado.
De acordo com investigações anteriores, a Vip Rio Telecomunicações LTDA era uma das empresas envolvidas em esquemas de monopólio de serviços de telecomunicação na região. Informantes revelaram que Lopez, junto a traficantes locais, impedia a entrada de outras operadoras nas comunidades de Senador Camará e Vila Aliança, consolidando o controle do fornecimento de internet e TV a cabo nessas áreas.
Prisão e apreensão milionária
Não era a primeira vez que o nome de Marcos Lopez aparecia em meio a investigações criminais. Em 2020, ele foi preso em flagrante pelo crime de receptação qualificada durante uma operação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco). Durante a investigação, agentes encontraram na sede da Vip Rio Telecomunicações LTDA um arsenal de equipamentos de distribuição de serviços de telefonia desviados de empresas de grande porte do setor. O material apreendido foi avaliado em aproximadamente R$ 500 mil.
Mesmo com essa prisão, Lopez conseguiu sua liberdade posteriormente e seguiu operando no ramo. Estima-se que sua empresa tinha um faturamento mensal de R$ 200 mil, garantindo serviço de telecomunicação para mais de 3 mil clientes.
Disputas e motivação do crime
O assassinato do ex-PM levanta questionamentos sobre disputas internas dentro do crime organizado. A região da Zona Oeste do Rio é amplamente dominada por grupos milicianos que atuam no fornecimento clandestino de serviços essenciais, como gás, internet e segurança. O controle sobre esses serviços é uma das principais fontes de receita dessas organizações criminosas.
Ainda não se sabe se Lopez foi alvo de uma queima de arquivo, de uma disputa interna por território ou se o crime foi motivado por desacordos comerciais. No entanto, a forma como o ataque foi conduzido — com a participação de vários executores e um planejamento detalhado — sugere uma execução planejada e profissional.
Investigação em andamento
A Polícia Civil do Rio de Janeiro segue investigando o caso e busca identificar os responsáveis pelo homicídio. O carro abandonado no local do crime pode fornecer pistas cruciais sobre a identidade dos criminosos e seu paradeiro.
A morte de Marcos Antônio Cortinas Lopez acende um novo alerta sobre a violência e o poder de grupos criminosos na Zona Oeste do Rio, especialmente no setor de telecomunicações. Enquanto as investigações prosseguem, o crime organizado segue desafiando as autoridades e controlando serviços essenciais, impactando diretamente a vida dos moradores da região.