Para alguns ter um idoso em casa, ou mantê-lo, dignamente, em algum hospital ou casa de repouso é uma questão de honra por tudo que eles já fizeram por nós e também porque um dia seremos um deles.
Não são raros, infelizmente, os casos de velhinhos que são abandonados – em alguns casos com filhos e netos desfrutando de seu dinheiro – em asilos, hospitais e até nas ruas.
Dessa vez uma mulher esquecida em um asilo, deixou uma carta aos enfermeiros e cuidadores que tomavam conta dela. Na carta ela revelou quem realmente era, e deixou todos espantados. A velha senhora parecia senil e alheia a tudo, porém, percebia tudo ao seu redor, e seu raciocínio estava em plena forma.
Na carta ela lamenta que as enfermeiras não tenham percebido quem ela realmente era, e a tenham tratado como um peso morto, e incluive resmungando coisas como se ela não estivesse ali. Uma mulher que naquele momento dependia dos funcionários para tudo, mas que um dia havia sido importante para alguém.
Uma mulher que foi mãe, esposa, filha e que apesar de estar ali, abandonada, merecia ser vista.
Leia a carta:
“O que é que vocês vêem enfermeiras, o que é que vocês vêem?
O que é que vocês pensam quando me olham?
Uma velha rabugenta, não muito inteligente!
Com hábitos estranhos e olhar distante.
Aquela que a comida cai dos cantos dos lábios e nunca responde.
Aquele que dizem alto: ‘Pelo menos você poderia tentar’
A que parece não ter consciência do que vocês fazem.
E que sempre perde alguma coisa, a meia ou o sapato?
Aquela quem, sem resistir ou não, deixa que vocês façam o que quiserem.
Que passam o dia inteiro comendo ou no banheiro.
É isso que vocês acham, é tudo que vocês vêem?
Pois então enfermeiras, abram seus olhos, vocês não me vem.
Vou dizer quem eu sou, agora que estou sentada, fazendo o que vocês dizem e comendo o que vocês pedem.
Uma menina de 16 anos, com asas nos pés, almejando encontrar o primeiro amor.
Uma noiva de 20 anos, com o coração palpitando forte.
Recordando os votos que prometeu cumprir.
Com 25 anos já tem seus próprios filhos, que vai orientar e lhes oferecer um lar seguro.
Uma mulher de 30 anos, cujos filhos crescem rápido.
Unidos com laços que devem durar.
Aos 40, meus filhos jovens cresceram e se foram.
Mas meu marido está comigo para que eu não fique triste.
Aos 50 eles trazem seus filhos, bebês, e jogam no meu colo.
Eu e meu amor voltamos a conhecer crianças.
Dias negros se aproxima, meu marido está morto.
Olho para o futuro e estremeço.
Meus filhos têm seus próprios filhos.
E penso nos anos e no amor que conheci.
Eu rio da minha idade como uma idiota.
Meu corpo está fraco a graça e a força se despedem.
Agora só existe uma pedra onde existia um coração.
Mas dentro dessa carcaça ainda existe uma jovem mulher.
E meu coração maltratado incha.
Lembro-me da alegria, lembro-me das tristezas.
E eu vivo e amo todos os dias.
Penso nos anos, tão poucos e que foram tão rápido.
Eu aceito o fato de que nada é para sempre.
Então abram seus olhos, abram e vejam.
Nada de velhas resmungonas.
Olhem mais de perto. Vejam me!
