Em novo depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5), o ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou ter transferido a quantia de R$ 2 milhões para seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside com a família nos Estados Unidos. O valor, segundo Bolsonaro, teve como finalidade ajudar o filho com as despesas no exterior, incluindo o sustento da esposa e dos dois filhos pequenos.
“Ele [Eduardo] pediu para mim: ‘Pai, estou com a minha esposa aqui, uma menina de 4 anos que é minha neta e um garoto de 1 ano que é meu neto, pode me ajudar?’. Ajudei, botei um dinheiro na conta dele, bastante até, e ele está levando a vida dele”, declarou o ex-presidente após prestar depoimento por mais de duas horas na sede da PF.
Bolsonaro afirmou que a transação foi feita de forma legal e transparente, utilizando o sistema de transferência instantânea Pix. “Botei dinheiro na mão dele, dinheiro limpo, legal, Pix”, reforçou, tentando afastar qualquer suspeita de irregularidade sobre os valores enviados.
A revelação reacendeu debates sobre o uso dos recursos arrecadados por Bolsonaro desde o fim de seu mandato. Parte dos R$ 17,2 milhões recebidos via doações de apoiadores teria sido usada para custear a permanência de Eduardo nos Estados Unidos, segundo o próprio ex-presidente já havia mencionado anteriormente.
Eduardo Bolsonaro está fora do Brasil desde março, após se licenciar de seu mandato na Câmara dos Deputados. Ele é alvo de investigações por supostamente incitar autoridades norte-americanas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras figuras públicas brasileiras. A permanência do parlamentar nos EUA, somada ao alto valor transferido pelo pai, levanta questionamentos entre opositores e parte da opinião pública.
Críticos apontam que o uso de recursos arrecadados com a justificativa de “defesa jurídica” e “perseguição política” estaria sendo desviado para fins pessoais e familiares. Embora Bolsonaro alegue que o montante de R$ 2 milhões tenha saído de seu próprio patrimônio, os investigadores ainda apuram se houve mistura de fontes ou se parte do valor pode ter sido oriunda de doações de apoiadores.
A Polícia Federal segue investigando os detalhes das movimentações financeiras envolvendo a família Bolsonaro, com foco na origem dos recursos e na legalidade das transferências. A apuração faz parte de um inquérito mais amplo que também examina o uso de doações e a conduta de aliados do ex-presidente no exterior.
O episódio amplia a pressão sobre Jair Bolsonaro, que já enfrenta uma série de processos e investigações relacionadas à sua gestão, movimentações financeiras e articulações políticas após deixar o Planalto. Enquanto isso, a imagem de Eduardo Bolsonaro também se desgasta, em meio à incerteza sobre seu futuro político e às acusações que envolvem sua atuação fora do país.