Após intensa pressão de entidades médicas, a Justiça suspendeu e anulou a decisão que autorizava farmacêuticos a prescreverem medicamentos, inclusive aqueles que exigem receita médica. A medida, que havia sido aprovada recentemente, gerou grande polêmica e reação negativa por parte de médicos e conselhos da área da saúde.
A autorização para que farmacêuticos prescrevessem medicamentos foi inicialmente defendida por representantes da categoria como um avanço na acessibilidade à saúde, especialmente em regiões onde há escassez de médicos. No entanto, médicos e entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e associações estaduais argumentaram que tal decisão colocaria em risco a segurança dos pacientes. Segundo os especialistas, a prescrição de medicamentos exige um diagnóstico preciso e aprofundado, que apenas profissionais com formação médica são capacitados a realizar.
Com a repercussão negativa, a Justiça decidiu rever a medida e, após análise, concluiu que a autorização feria normas de segurança sanitária. Na decisão, o magistrado responsável pelo caso destacou que a prescrição de medicamentos por profissionais sem formação médica poderia levar a erros de diagnóstico, uso inadequado de remédios e riscos à saúde pública.
O Conselho Federal de Medicina celebrou a decisão judicial, afirmando que “a prescrição de medicamentos deve ser feita exclusivamente por médicos, garantindo a segurança dos pacientes e evitando automedicação inadequada”. Já os farmacêuticos, por meio de seus representantes, lamentaram a revogação da medida, argumentando que a categoria tem conhecimento suficiente para recomendar determinados tratamentos, especialmente em casos mais simples.
A decisão judicial reacende um debate antigo sobre os limites das atribuições de farmacêuticos e médicos. Enquanto entidades médicas defendem que apenas médicos podem prescrever medicamentos, representantes dos farmacêuticos argumentam que há espaço para a ampliação de suas funções, como já ocorre em outros países.
Especialistas em saúde pública apontam que, independentemente da decisão, é necessário buscar soluções para melhorar o acesso da população a atendimentos médicos. “A proibição da prescrição por farmacêuticos não resolve a falta de médicos em algumas regiões. O ideal seria investir em mais profissionais e em uma melhor estrutura de saúde”, afirmou um analista da área.
Com a anulação da decisão, volta a valer a regra anterior, que permite aos farmacêuticos apenas orientar pacientes sobre o uso correto dos medicamentos, sem o poder de prescrevê-los. Entretanto, o debate deve continuar, já que a categoria dos farmacêuticos promete recorrer e lutar por mais autonomia em sua atuação profissional.