Um morador de Londrina, no Paraná, conquistou na Justiça o direito de plantar maconha para uso medicinal. Diagnosticado com ansiedade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), o homem conseguiu um salvo-conduto que impede que ele seja preso ou sofra qualquer tipo de penalização por cultivar a planta em sua residência.
A decisão judicial foi tomada após o autor da ação apresentar uma série de laudos médicos e documentos que comprovaram a eficácia do tratamento com canabidiol (CBD), um dos principais compostos da cannabis. Segundo os documentos anexados ao processo, o uso contínuo da substância é imprescindível para garantir sua qualidade de vida e bem-estar, auxiliando no controle dos sintomas causados pelos transtornos.
Nos últimos anos, o uso medicinal da maconha tem ganhado espaço no Brasil, principalmente após estudos apontarem seus benefícios no tratamento de diversas condições de saúde, como epilepsia, ansiedade, dores crônicas e transtornos neurológicos. Apesar disso, o cultivo da planta ainda é proibido no país, o que leva muitos pacientes a buscarem a Justiça para garantir o acesso seguro ao tratamento.
A decisão do tribunal de Londrina reforça a tendência de flexibilização do judiciário em relação ao uso medicinal da cannabis. No caso específico, o salvo-conduto garante que o paciente possa cultivar a quantidade necessária para sua terapia, sem correr o risco de ser enquadrado na Lei de Drogas.
Especialistas em direito da saúde apontam que o número de decisões favoráveis ao cultivo próprio tem aumentado no Brasil, especialmente para pacientes que conseguem demonstrar, por meio de laudos médicos, a necessidade do tratamento. “A judicialização é um caminho necessário para aqueles que não têm outra alternativa de acesso à cannabis medicinal. No entanto, é preciso avançar em políticas públicas que garantam esse direito sem a necessidade de recorrer à Justiça”, afirma um advogado especializado no tema.
Para o paciente de Londrina, a decisão representa uma vitória após anos de dificuldades para acessar o tratamento. “Saber que agora posso cultivar minha própria planta, com segurança e dentro da legalidade, é um alívio. O tratamento com canabidiol mudou minha vida e me trouxe uma qualidade de vida que nunca tive antes”, afirmou ele em entrevista.
Enquanto isso, especialistas e defensores da cannabis medicinal seguem lutando por uma regulamentação mais ampla e acessível, que permita que pacientes tenham acesso ao tratamento sem a necessidade de ações judiciais.