A Justiça de São Paulo emitiu um alerta contundente aos pais do jovem Miguel Oliveira, conhecido nas redes sociais como o “profeta” de 15 anos. Caso descumpram as determinações impostas pelo Conselho Tutelar de Carapicuíba (SP), o casal poderá perder a guarda do filho. A advertência foi feita após uma reunião realizada com a família, na qual foram discutidas as recentes exposições públicas do adolescente.
Miguel ganhou notoriedade nas redes sociais ao divulgar vídeos de suas pregações em igrejas evangélicas, atraindo milhares de seguidores e se tornando uma figura conhecida principalmente entre os fiéis. No entanto, o crescimento da visibilidade do garoto, aliado à ausência na escola e à exploração de sua imagem em mídias digitais, acendeu o sinal de alerta das autoridades.
Durante o encontro com os pais do jovem, o Conselho Tutelar foi categórico: está proibida a divulgação de qualquer vídeo, gravação ou imagem que exponha Miguel em situações de pregação pública ou mensagens religiosas destinadas à internet ou televisão. A medida visa proteger o desenvolvimento emocional e educacional do adolescente, que, segundo o órgão, deve ser priorizado diante da fama repentina.
Apesar da proibição de exposição midiática, Miguel poderá continuar participando de cultos e eventos religiosos, desde que essa atuação ocorra de forma reservada e sem registros públicos. A decisão busca encontrar um equilíbrio entre a fé praticada pela família e o bem-estar do menor, evitando que ele se torne alvo de exploração ou pressão indevida.
Outra exigência determinada pelas autoridades foi o retorno imediato do adolescente à escola. A frequência regular às aulas será monitorada de perto, e qualquer descumprimento poderá ser interpretado como negligência por parte dos responsáveis. O Conselho Tutelar destacou que o direito à educação é garantido por lei e não pode ser substituído por atividades religiosas ou outras ocupações.
Segundo representantes do Conselho, a medida não visa impedir a prática religiosa da família, mas garantir que o jovem cresça em um ambiente saudável, com acesso pleno à educação e livre de pressões relacionadas à fama precoce. Eles enfatizaram que crianças e adolescentes têm direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), incluindo o direito ao estudo, ao lazer e à privacidade.
Caso as determinações não sejam cumpridas, os pais poderão responder judicialmente e até perder a guarda do filho. A Justiça deve continuar acompanhando o caso nos próximos meses, a fim de assegurar que Miguel Oliveira tenha seu desenvolvimento protegido.
O caso reacende o debate sobre a exposição de menores nas redes sociais e o limite entre a fé e o bem-estar infantil. Especialistas alertam que, embora a fé e a religiosidade sejam valores importantes, não devem se sobrepor aos direitos fundamentais das crianças e adolescentes