A batalha da família de Guilherme Antônio Rabelo, de 12 anos, morador de Uberlândia (MG), por um tratamento inovador contra a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) sofreu um duro revés. A Justiça negou o pedido para que o garoto recebesse um medicamento avaliado em R$ 16 milhões, alegando que ele não se encaixa na faixa etária autorizada para o uso da droga no Brasil.
A decisão causou indignação entre familiares e amigos, que viam no tratamento uma esperança para prolongar e melhorar a qualidade de vida do menino. A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença genética rara e degenerativa, caracterizada pela perda progressiva da força muscular. A expectativa de vida para os portadores da condição gira em torno de 22 anos, tornando cada possibilidade de tratamento ainda mais urgente.
A luta pela vida e os entraves burocráticos
O medicamento solicitado pela família é um dos mais modernos tratamentos disponíveis para a DMD. Desenvolvido nos Estados Unidos, ele age corrigindo parcialmente a mutação genética responsável pela doença, proporcionando ganhos motores significativos e retardando sua progressão.
No entanto, dois fatores impediram que Guilherme recebesse a medicação. Primeiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso da droga no Brasil, mas com restrições de idade. Como Guilherme tem 12 anos, ele está fora da faixa etária permitida para a aplicação do tratamento no país.
O segundo obstáculo foi a decisão da Justiça, que negou o pedido com base nessas restrições e nos custos exorbitantes envolvidos. O valor do medicamento – R$ 16 milhões – tornaria inviável para o sistema público arcar com o tratamento, segundo a argumentação do Estado.
Esperança frustrada e o apelo da família
A família de Guilherme recebeu a notícia da negativa com desespero. Para os pais, cada dia sem o medicamento representa um avanço da doença e a perda progressiva das capacidades motoras do filho. “Sabemos que a vida do nosso filho depende disso. Não estamos pedindo luxo, estamos pedindo uma chance para ele ter mais tempo conosco”, declarou a mãe de Guilherme.
Casos semelhantes já foram levados aos tribunais, e algumas famílias conseguiram decisões favoráveis para importar medicamentos de alto custo. No entanto, os critérios médicos e jurídicos variam em cada situação, tornando o processo ainda mais angustiante para quem luta contra o tempo.
A família estuda agora recorrer da decisão e buscar apoio em campanhas de arrecadação para viabilizar a compra da medicação por conta própria. A mobilização nas redes sociais já começou, com a hashtag #JustiçaPorGuilherme sendo compartilhada por internautas e influenciadores sensibilizados com o caso.
O dilema do acesso a tratamentos de alto custo
O caso de Guilherme reacende o debate sobre o acesso a tratamentos inovadores para doenças raras no Brasil. Muitos medicamentos revolucionários chegam ao mercado, mas seus altos custos e limitações regulatórias dificultam o acesso para pacientes que mais precisam.
Especialistas em saúde pública alertam que decisões como essa criam um impasse: de um lado, o Estado precisa gerenciar recursos para garantir o tratamento do maior número de pessoas possível; de outro, negar um medicamento pode representar uma sentença de morte para pacientes sem outras alternativas.
Enquanto a luta da família continua, Guilherme segue enfrentando os desafios impostos pela doença. O tempo é um inimigo cruel para quem tem DMD, e cada dia perdido sem o medicamento pode significar um passo a mais rumo a um futuro incerto.
A esperança, no entanto, persiste – seja na possibilidade de uma nova decisão judicial favorável, na mobilização popular ou na chegada de novos tratamentos mais acessíveis no Brasil. Até lá, a batalha de Guilherme continua, cercada de incertezas, mas movida pela determinação de quem não desiste de lutar pela vida.



