A Prefeitura do Rio sancionou uma lei que obriga empresas que desenvolvem aplicativos de mapas e trânsito na cidade emitam alertas sonoros a usuários que estiverem próximo a áreas de risco.
Como mostrou a GloboNews nesta quinta-feira (10), o objetivo do projeto do legislativo municipal que virou lei é evitar que motoristas e motociclistas sejam vítimas da violência ao entrarem em favelas dominadas por traficantes de drogas.
Já houve, no Rio, alguns episódios em que pessoas foram mortas ao seguirem o caminho indicado nos aplicativos.
Em 2015, uma empresária que estava com o marido foi morta a tiros numa favela em Niterói, na Região Metropolitana.
Mulher é morta ao entrar por engano em favela de Niterói — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Regina Stringari Múrmura, 70 anos, e o marido, Francisco Múrmura, de 69, foram atacados por criminosos ao entrarem por engano na Favela do Caramujo.
Após os disparos, Francisco conseguiu dirigir até um hospital, mas a mulher não resistiu aos ferimentos. O caso também foi repercutido na imprensa internacional.
Dois anos depois, em 2017, uma turista argentina também foi baleada quando tentava chegar ao Cristo Redentor e entrou numa comunidade por engano. Ela chegou a ficar internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Turista argentina foi baleada e acabou morta ao entrar em comunidade por engano — Foto: Reprodução/TV Globo
No ano passado, um mineiro que estava no Rio também entrou por engano numa favela da Zona Norte e foi baleado. O homem foi socorrido e sobreviveu.
O texto da proposta aprovada cita que os aplicativos acabam seguindo por um caminho mais curto e mais rápido, mas sem levar em conta as áreas de risco. Por isso, as plataformas de GPS, mapas e aplicativos de trânsito vão ter que emitir alertas sonoros e visuais toda a vez que o usuário se aproximar de uma região perigosa.
Ainda não está definido, porém, como isso vai ocorrer. A lei ainda está no papel e a prefeitura tem 90 dias para determinar as regras, o que vai ser considerado área de risco e como será a fiscalização desses aplicativos.
Waze e Google Maps, dois dos mais importantes aplicativos, informaram à GloboNews que, por enquanto, preferem não comentar a aprovação da lei.
Mais casos
Há outros casos semelhantes de pessoas guiadas por aplicativos que acabaram baleadas ao entrarem por engano em favelas cariocas.
Em maio de 2013, o assistente de direção da TV Globo Thomaz Cividanes entrou por engano na no Morro do 18, em Água Santa, na Zona Norte, e foi atacado a tiros.
Após ser socorrido para o Hospital Salgado Filho, no Méier, no mesmo dia Thomaz foi transferido para uma unidade particular em São Paulo.
Na época, a Polícia Civil infomou que Thomaz dirigia um carro blindado e inseriu no GPS do carro o endereço para onde iria: a Rua Jornalista Tim Lopes. No entanto, seguindo as indicações erradas do aparelho, acabou entrando na comunidade.
Três anos depois, em 2016, a viagem de dois primos italianos terminou em tragédia depois que um deles, identificado como Roberto Bardella, de 52 anos, foi morto.
Bardella e o primo, que teve a identidade preservada por segurança, entraram por engano no Morro dos Prazeres, favela em Santa Teresa, Região Central da cidade.
Investigadores disseram, na época, que os italianos tinham visitado o Cristo Redentor e, guiados por um aplicativo que utiliza orientação GPS, acabaram pegando um caminho que os levou para a favela.