Durante uma reunião do Conselhão (CDESS) realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (5) que não fará contato com Donald Trump para discutir tarifas comerciais, mas que pretende ligar para convidá-lo oficialmente para a COP30, conferência climática da ONU que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.
“Eu não vou ligar para o Trump para conversar nada porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidar para a COP30 para saber o que ele pensa da questão climática”, declarou Lula.
Segundo o presidente, o convite será feito por cortesia e diplomacia, mesmo que Trump, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos, esteja evitando conversas com líderes estrangeiros.
“Se ele não vier é porque ele não quer, mas não vai ser por falta de delicadeza, charme e democracia. Eu vou convidar!”, acrescentou Lula, arrancando risos da plateia presente.
Tarifas de 50% e reação do governo
O presidente também comentou o recente anúncio de que os Estados Unidos aplicarão, a partir de agosto, tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, como parte de uma política comercial protecionista. Lula afirmou que o governo está elaborando um plano de contingência para reduzir os impactos econômicos dessas tarifas, que afetam setores estratégicos da indústria nacional.
Pix e críticas à pressão internacional
Aproveitando o momento, Lula destacou o sucesso do sistema de pagamentos Pix, que revolucionou as transações no Brasil, e ironizou Trump, sugerindo que ele poderia adotar a tecnologia nos EUA. O presidente criticou ainda o lobby de grandes corporações, que, segundo ele, influenciam decisões comerciais contrárias aos interesses de países em desenvolvimento.
Mercosul, União Europeia e soberania
Lula reafirmou a importância do diálogo com empresários e disse que está comprometido em concluir ainda este ano o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, mas sem abrir mão da soberania nacional.
“Não vamos aceitar pressões externas que comprometam nossos interesses”, concluiu Lula.
A expectativa é que a COP30 coloque o Brasil no centro das discussões globais sobre clima, e o convite a Trump, mesmo polêmico, reforça o tom diplomático que Lula busca adotar diante de um cenário internacional cada vez mais tenso.