Moradores da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrentam mais uma forma de exploração imposta por milicianos que dominam a região. Agora, quem pretende se mudar precisa pagar uma taxa ilegal exigida pelo grupo criminoso.
De acordo com relatos, os criminosos passaram a cobrar 20% do valor da venda de um imóvel na região. “Se você vai vender a casa, que é sua, tem que dar 20% para eles. Se eles souberem e não pegarem os 20%, quem comprou tem que pagar. Se você vai se mudar, tem que pagar. É um tremendo absurdo, e a polícia não faz nada”, denunciou um morador, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.
O esquema se soma a outras práticas ilegais impostas pelas milícias em diversas regiões do Rio de Janeiro, incluindo a venda irregular de terrenos, cobranças por “segurança” e controle sobre o fornecimento de serviços como gás, internet e TV a cabo. A atuação desses grupos criminosos tem se tornado cada vez mais sofisticada e opressiva, prejudicando milhares de famílias.
A impunidade também é uma das grandes preocupações dos moradores. “A gente fica refém. Quem denuncia corre risco de vida. Quem paga, alimenta o sistema. E quem não paga sofre ameaças e violência. É uma situação desesperadora”, desabafa outro residente.
A Colônia Juliano Moreira é conhecida por sua história ligada à saúde mental e à existência de comunidades que se formaram ao longo dos anos. Nos últimos tempos, no entanto, a região vem sendo alvo de disputas entre grupos criminosos, o que aumenta a insegurança local.
Especialistas apontam que a atuação das milícias se fortaleceu devido à falta de fiscalização e à conivência de alguns setores públicos. A cobrança de taxas abusivas é apenas um dos sintomas de um problema maior que atinge diversas áreas da cidade.
Os moradores cobram uma resposta urgente das autoridades para coibir a ação das milícias. “A gente quer poder viver em paz, sem ter que pagar para morar ou sair de onde mora. É um direito nosso, e o Estado precisa fazer algo”, reivindica um morador.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro não se pronunciou sobre as denúncias. Enquanto isso, a população da Colônia Juliano Moreira segue refém do crime organizado, pagando um preço alto por tentar exercer o simples direito de morar e se mudar livremente.