MORADOR DA VILA KENNEDY SE PREPARA PARA DEFENDER O BRASIL NA PARALIMPÍADA EM TÓQUIO
Como bom timoneiro, Jucelino Silva, de 49 anos, soube comandar o leme de seu destino até o porto seguro. O morador da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, que, segundo suas próprias palavras, tinha tudo para dar errado não desviou um milímetro sequer de seu objetivo e está perto de sua maior conquista: participar de uma paralimpíada,como integrante da equipe brasileira de remo que vai representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no Japão, em agosto.
— Perdi muitos colegas para o crime. A maioria morreu e outros estão presos. Mas, nunca desviei do meu caminho traçado pelo esporte. Não tenho dúvida de que fui um cara escolhido para dar certo na vida— afirma.
Jucelino, que é mais conhecido como Birigui, integra uma equipe composta por mais quatro remadores. Diana Barcelos, de Jacarepaguá, também representa o Rio. O barco é formado ainda pelos pelo paulista Jairo Klug e pelos catarinenses Ana Paula Souza e Vandeni Silva. Esta será a terceira participação do país nesta categoria nos Jogos Paralímpicos e a primeira do atleta carioca. A equipe conquistou a última vaga disponível para os jogos numa competição na Itália, no começo do mês.
Como timoneiro cabe a Birigui dar a direção do barco, já que é o único vê o destino da embarcação. Os remadores competem de costas, o que faz dele o comandante da prova. O sonho de subir do lugar mais alto do pódio em Tóquio está sendo alimentado a custo de um treinamento pesado, que consome ao menos cinco horas diárias da equipe.
Nesta reta final, o grupo que tem representantes de três estados diferentes se reúne em São Paulo, quando passam a treinar juntos. Até lá, cada um se prepara isoladamente no seu clube de origem. Jucelino, que quando está no Rio treina no Clube de Regatas Guanabara, viajou na segunda-feira. Os treinos paulistas serão em duas etapas de dez dias cada, com um pequeno intervalo. O embarque para o Japão está programado para 8 de agosto.
— O esporte salvou minha vida. Tinha tudo para dar errado, mas agarrei todas as oportunidades que surgiram. Competindo conheci oito países diferentes. só na Itália já fui cinco vezes — afirma o atleta que espera servir de inspiração para moradores de comunidades, como ele.



