Após moradores começarem a abandonar imóveis na Praia da Macumba com medo de desmoronamento, a prefeitura anunciou ontem que irá iniciar obra emergencial para conter a erosão, que já destruiu o calçadão, ciclovia, quiosque e avança rumo aos prédios. A Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) explicou que vai instalar um entroncamento sintético (bolsas preenchidas de concreto) na frente e atrás do muro que cedeu, visando proteger as construções do avanço do mar. Para iniciar as intervenções, o órgão informou que só aguarda a liberação de verbas, o que deve ocorrer ainda nesta semana. No domingo, a prefeitura tinha informado que começaria obra ontem.
O casal Felipe Bilate e Marcia Soares, que mora em um prédio no local, aguarda com ansiedade o início das obras. Segundo eles, os primeiros sinais de erosão apareceram há pelo menos um mês, mas devido à falta de ações de contenção, o problema se agravou. O casal teme que o prédio seja interditado pela Defesa Civil. “Estamos apavorados com medo de ter que sair a qualquer momento. Alguns moradores já abandonaram as casas e estão dormindo em outro lugar. A incerteza sobre o que será feito é a pior coisa, pois o buraco está aumentando”, desabafou Marcia.
Com a destruição do calçadão, o casal, que trabalha com a administração de imóveis no prédio, ficou sem alugar os apartamentos por temporada e calcula prejuízo de pelo menos mil reais. Segundo Bilate, a Defesa Civil esteve no prédio três vezes e descartou, momentaneamente, os riscos de desabamento. No entanto, caso o mar avance mais, há risco de interdição.
Moradora da Estrada do Pontal, a designer Nathalia Maciel disse que a erosão foi uma tragédia anunciada. “Todo ano acontece esse tipo de problema aqui na praia. Desta vez, o problema começou há um mês, mas ninguém fez nada”, lamentou. Já a dona de casa, que foi ver os estragos, disse: “o mar está tomando o que é dele, né?”, questionou a dona de casa Sueli Marques.
Solução é alargar praia, diz estudo
O professor de engenharia costeira da Coppe/UFRJ, Paulo Cesar Rosman, lembrou que a instituição realizou estudo em 2000 que apontou a causa da erosão na Praia da Macumba, e o que deveria ser feito para resolver a questão. No entanto, nada foi feito por várias administrações municipais.
Ele lembrou que o calçadão, ciclovia e quiosques ocuparam as faixas dinâmicas da praia, que perdeu, ao longo de décadas, grande volume de areia. “É como se reduzisse a largura da praia trouxesse o mar para perto da calçada”, comparou.
Na avaliação de Rosman, para recuperar a praia será preciso aumentar o volume de areia e criar um guiacorrentes no Canal de Sernambetiba, que seria algo semelhante ao que foi instalado na Praia da Joatinga, para estabilizar a embocadura do canal.
A prefeitura afirmou, em nota, que o projeto da Coppe para a construção do guia correntes está sendo analisado pela Seconserma.