A Promotoria de Defesa da Criança e do Adolescente de Natal instaurou um procedimento para acompanhar o caso da criança “fantasiada” de escravo pela própria măe para uma festa de Halloween de uma escola particular em Natal. Segundo o Ministério Público do Rio Grande do Norte, o procedimento vai transcorrer em segredo de Justiça, como estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
As imagens foram publicadas pela măe da criança, Sabrina Flor que é simpatizante do presidente eleito Jair Bolsonaro, com várias postagens favoráveis ao deputado do PSL. Ela exaltou a “fantasia” do filho.
Nas imagens divulgadas em rede social, a criança usa maquiagem para simular as escaras de cicatrizes e ferimentos no corpo. Vestido apenas com algumas túnicas brancas, simulando um calçăo e uma faixa na cabeça, o menino também usa imitaçőes de correntes e grilhőes, instrumentos usados na tortura e aprisionamento de escravos.
“Quando seu filho absorve o personagem! Vamos abrasileirar esse negócio! #Escravo”, publicou a măe em sua conta no Instagram. Pouco depois da postagem, usuários comentaram a foto parabenizando a măe pela criatividade e realismo da fantasia.
“Minha nossa senhora!!!! Causou kkkkkkkk”, comentou uma usuária. “Meninaaaaa perfeito!!!”, comentou outra.
O cantor Marcelo D2 também compartilhou as imagens da criança, mas fazendo críticas ao que via. “Quando você pensa que viu de tudo na vida”, escreveu. Depois que a postagem do cantor ultrapassou os 2 mil retweets no Instagram, a măe se manifestou pela mesma rede social.
“Năo leiam livros de história do Brasil. Eles dizem que existiu escravidăo de negros no País, mas isso é mentira. Năo discuta com essa afirmaçăo, pois você estará sendo racista, A PIOR PESSOA, um lixo. Só năo entendi ainda se o problema foi o a fantasia ou o “17” na foto”, escreveu Sabrina.
Defesas
A reportagem năo localizou Sabrina Flor, măe do “menino escravo”. O espaço está aberto para manifestaçăo.
A escola onde a criança estuda se manifestou sobre o caso. “Lamentavelmente, a escolha do traje para participaçăo do Halloween, feita pela família do aluno, tocou numa ferida histórica do nosso País. Amargamos as sequelas do trágico período da escravidăo até os dias de hoje. O colégio CEI năo incentiva, nem compactua, com qualquer tipo de expressăo de racismo ou preconceito, tendo os princípios da inclusăo e convivência com a diversidade como norte da nossa prática pedagógica.”