Uma operação conjunta das delegacias da 66ª DP (Piabetá) e da 65ª DP (Magé) resultou na prisão de Amanda do Nascimento Cubeiro Parga, de 38 anos, na última sexta-feira (23), sob a acusação de integrar um grupo criminoso responsável por uma série de crimes graves cometidos dentro de uma clínica clandestina localizada no município de Magé, na Baixada Fluminense. A mulher é suspeita de participação em casos de estupro, maus-tratos, cárcere privado e associação criminosa.
Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil, Amanda foi localizada após dois meses de intensas investigações. As apurações apontam que pacientes da clínica eram mantidos sob condições desumanas, sendo vítimas de agressões físicas, privação de liberdade e, em alguns casos, abusos sexuais.
As denúncias surgiram a partir de uma ação conjunta das duas delegacias, que identificaram o funcionamento irregular da clínica, sem alvará, sem fiscalização e em total descumprimento das normas sanitárias e legais. No local, agentes encontraram vítimas que relataram uma rotina de terror, marcada por humilhações, espancamentos e negligência médica.
Amanda Parga, conforme relatado pela Polícia Civil, era inicialmente uma interna da unidade, mas acabou sendo promovida à função de coordenadora do local. A mudança de posição não trouxe alívio para as internas. Muito pelo contrário: Amanda passou a desempenhar um papel central na dinâmica criminosa que acontecia dentro da clínica. Ela era responsável por administrar medicamentos – muitas vezes sem qualquer prescrição médica – e por impor a disciplina entre as internas, recorrendo a métodos violentos.
Além das agressões físicas e psicológicas, há fortes indícios de que Amanda também participou de episódios de abuso sexual contra pacientes vulneráveis. Os relatos colhidos pelas autoridades são estarrecedores, descrevendo um ambiente onde o medo e o sofrimento eram constantes.
O mandado de prisão preventiva contra Amanda foi expedido pela Vara Criminal de Magé. O processo que motivou a ordem judicial corre sob o número 0802116-77.2025.8.19.0029 e está relacionado ao crime de organização criminosa, tipificado no artigo 288 do Código Penal Brasileiro. Além dela, outras três pessoas ainda estão sendo procuradas pelas autoridades e são apontadas como cúmplices nas ações criminosas.
De acordo com os delegados responsáveis pela investigação, a prisão de Amanda representa um avanço importante no desmantelamento da rede criminosa que operava na região, mas reforçam que o caso ainda está longe de ser encerrado. As diligências continuam e há expectativa de novas prisões nos próximos dias.
As vítimas identificadas até o momento estão recebendo apoio psicológico e assistência médica. A Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) também foi acionada para acompanhar os desdobramentos, principalmente nos casos que envolvem violência sexual.
O caso chocou os moradores de Magé e gerou revolta nas redes sociais. Organizações de direitos humanos e conselhos de saúde pública pedem um reforço na fiscalização de unidades de tratamento e clínicas de reabilitação em todo o estado do Rio de Janeiro.
A Polícia Civil orienta que possíveis vítimas ou familiares que tenham informações sobre o caso entrem em contato com o Disque Denúncia, garantindo o anonimato. O número é 2253-1177.
Enquanto a justiça segue seu curso, Amanda Parga segue presa, aguardando os próximos desdobramentos do processo. A esperança das autoridades é que a responsabilização dos envolvidos sirva de alerta para impedir que casos como este se repitam em outras regiões do estado.