Uma nova tendência tem incendiado as redes sociais e acendido debates intensos ao redor do mundo: os chamados “reborns adultos” — bonecos sexuais hiper-realistas que ultrapassam a barreira do comum, com preços que chegam a mais de R$ 50 mil. Inspirados nos bebês reborn, conhecidos pela incrível semelhança com recém-nascidos, esses produtos para adultos levam a hiper-realidade a um nível surpreendente, trazendo tecnologia avançada e personalização nunca antes vista no mercado erótico.
Criados a partir de materiais de última geração, esses bonecos são feitos para parecerem verdadeiras pessoas, com detalhes minuciosos que vão desde a textura da pele até a expressão facial. Mas não para por aí: alguns modelos mais sofisticados vêm equipados com inteligência artificial (IA), que permite interação e respostas personalizadas, prometendo uma experiência completamente inovadora e imersiva para quem os adquire.
Por trás dessa revolução está a empresa RealDoll, controlada pela Abyss Creations, sediada na Califórnia. Fundada em 1996, a RealDoll é reconhecida mundialmente como referência em bonecos hiper-realistas, e é a pioneira em combinar arte, tecnologia e customização extrema. A empresa oferece um leque enorme de opções para montar o seu boneco perfeito — com 17 tipos de corpo, 33 modelos de rosto, e a possibilidade de enviar fotos para que a equipe reproduza características exatas, como maquiagem, penteado e até tatuagens. Tudo isso para atender às demandas de homens, mulheres e pessoas trans que buscam um companheiro personalizado.
Um dos destaques do catálogo é o Nate 3.0, um boneco masculino altamente detalhado, com boca profunda de 18 cm, articulações metálicas que permitem posturas realistas, e um pênis removível para facilitar a higienização. O preço? Em torno de US$ 7.999,99, algo perto de R$ 45 mil, que pode facilmente subir dependendo dos acessórios e personalizações escolhidos.
Mas a verdadeira inovação está na linha equipada com inteligência artificial, como a boneca SolanaX. Esse modelo traz sensores que respondem ao toque, olhos que piscam naturalmente, sistema de fala com sincronização labial e sobrancelhas móveis. A SolanaX ainda pode detectar níveis de excitação por meio de um aplicativo conectado via Bluetooth, tornando a experiência ainda mais real. Por trás de toda essa tecnologia está o X-Mode, um software sofisticado que cria uma “personalidade” para o boneco, incluindo voz, senso de humor e gostos próprios. A IA reconhece diferentes usuários e adapta suas respostas e comportamento conforme a interação, prometendo um companheiro que evolui junto com quem o usa.
Apesar do impacto visual e tecnológico, esses bonecos têm conquistado um público surpreendentemente diverso. Segundo a RealDoll, seus clientes incluem colecionadores apaixonados, artistas que os usam como modelos para esculturas e pinturas, profissionais da saúde que os utilizam em terapias, além de casais que buscam apimentar a relação com novidades tecnológicas. A presença da marca também ultrapassa o mercado privado, já que suas criações apareceram em produções de sucesso como “CSI: NY”, “House”, “Sons of Anarchy” e até na animação “Family Guy”.
No entanto, o fenômeno dos “reborns adultos” provoca também debates profundos sobre afetividade, sexualidade, solidão e ética. Para muitos, a ideia de substituir ou complementar relações humanas por um boneco hiper-realista desafia conceitos tradicionais de convivência e intimidade. Nas redes sociais, a reação varia do espanto à ironia e até à indignação. Comentários como “Eu acho boneca sexual uma coisa tão nojenta e tenebrosa” ou “Só eu que acho errado vender bonecas realistas para adultos?” mostram que o tema ainda é polêmico e dividido.
A ascensão das “namoradas reborn” reflete uma sociedade em transformação, onde as fronteiras entre o real e o virtual, o humano e a máquina, tornam-se cada vez mais tênues. Para alguns, esses bonecos representam uma alternativa para suprir carências emocionais, superar a solidão ou simplesmente experimentar novas formas de prazer. Para outros, levantam questões importantes sobre os impactos éticos e sociais — incluindo a possibilidade de afastamento dos relacionamentos humanos tradicionais e o que isso significa para o futuro da interação social.
De qualquer forma, o fenômeno não pode ser ignorado. Ele revela como a tecnologia está remodelando não apenas o que consumimos, mas também como nos relacionamos, sentimos e nos conectamos. A sociedade segue atenta e dividida, enquanto os “reborns adultos” continuam a viralizar, provocando tanto fascínio quanto controvérsia.
O debate está aberto, e o que parecia apenas um fetiche restrito a nichos ganhou espaço e visibilidade, mostrando que o futuro das relações humanas pode ser muito diferente do que imaginamos — e pode ter um rosto, ou melhor, uma pele sintética e olhos que piscam.