Publicado em 13/01/2025 – 20:04
A Receita Federal anunciou uma nova etapa de modernização na fiscalização das movimentações financeiras, incluindo as realizadas pelo Pix, que promete reduzir a incidência de malha fina nas declarações de Imposto de Renda. Segundo Robinson Barreirinhas, secretário especial da Receita, essa medida tem como objetivo aumentar a precisão das declarações pré-preenchidas, beneficiando especialmente trabalhadores autônomos e pequenos empresários, que já enfrentam desafios na regularização fiscal.
Em entrevista ao programa A Voz do Brasil, Barreirinhas desmentiu rumores sobre a taxação de transações via Pix, reforçando que as mudanças não impactam trabalhadores e microempreendedores. O foco, segundo ele, é o combate à lavagem de dinheiro e à movimentação ilícita de recursos financeiros.
O que muda na fiscalização do Pix?
A Receita Federal já monitora transações financeiras há mais de duas décadas, mas as recentes mudanças buscam ampliar a abrangência desse controle, incluindo novas instituições financeiras no processo de prestação de informações. Entre as novidades está a inclusão de fintechs, bancos digitais e empresas de carteiras virtuais, que agora são obrigadas a enviar dados financeiros ao Fisco.
Barreirinhas destacou que a modernização permitirá à Receita oferecer declarações de Imposto de Renda ainda mais completas e precisas. “Todo mundo gosta da declaração pré-preenchida. Você chega lá e não tem trabalho nenhum, porque os dados de saldo, conta bancária e aplicação financeira já estão preenchidos. E isso é possível porque as instituições financeiras fornecem essas informações à Receita Federal”, explicou o secretário.
A medida, segundo ele, não deve trazer mudanças para o contribuinte comum. “Se você nunca teve problemas nos últimos 20 anos, não há razão para ter agora. O pequeno empresário e o trabalhador não devem acreditar nas fake news que circulam por aí”, alertou.
Foco em grandes movimentações e crimes financeiros
Uma das mudanças mais significativas foi o aumento dos limites para o monitoramento de movimentações financeiras. Antes, valores acima de R$ 2 mil mensais para pessoas físicas e R$ 6 mil para empresas já eram fiscalizados. Agora, o limite subiu para R$ 5 mil mensais no caso de pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas.
O objetivo, segundo Barreirinhas, é direcionar a fiscalização para grandes movimentações suspeitas, muitas vezes ligadas a crimes como lavagem de dinheiro e financiamento de atividades ilícitas.
“O foco da Receita Federal não é o trabalhador ou o pequeno empresário. Nosso objetivo é identificar movimentações ilícitas realizadas por pessoas que se aproveitam dessas novas tecnologias financeiras para burlar a lei”, explicou.
O que é mito e o que é verdade sobre o Pix?
O secretário reforçou que não há criação de novos impostos sobre transações financeiras, como têm sugerido boatos. Ele explicou que a Receita Federal apenas atualizou sua base de dados para incluir informações de novas empresas do setor financeiro, mas sem mudanças nos tributos.
“Não é verdade que foi criado um controle específico sobre o Pix. Desde 2003, a Receita monitora movimentações financeiras no Brasil. Agora, simplesmente deixamos claro que empresas como fintechs e instituições de pagamento também precisam reportar essas informações”, afirmou Barreirinhas.
Além disso, a Constituição proíbe a criação de impostos específicos sobre transações financeiras, o que garante que o uso do Pix permaneça livre de qualquer tributação extra.
Benefícios da modernização
A Receita Federal acredita que a modernização trará benefícios significativos para o contribuinte. Além de reduzir erros e divergências nas declarações de Imposto de Renda, a ampliação da fiscalização pode aumentar a transparência e a segurança nas transações financeiras.
“Com dados mais sólidos, o contribuinte poderá confiar mais na declaração pré-preenchida, diminuindo a chance de cair na malha fina. Isso representa economia de tempo e menos burocracia para os cidadãos”, destacou o secretário.
Para quem utiliza o Pix como ferramenta de trabalho, como autônomos e pequenos empreendedores, a novidade deve passar despercebida. “Essas pessoas já são fiscalizadas há décadas. Nada muda para elas, pois o objetivo da Receita é focar em crimes financeiros, e não no trabalhador que usa o Pix para receber seus pagamentos”, reiterou Barreirinhas.
Como fica o contribuinte?
O aumento do limite para monitoramento de movimentações financeiras deve trazer um alívio para os pequenos empreendedores e trabalhadores informais. Com a inclusão de novas instituições financeiras no sistema de dados da Receita, o órgão espera reduzir o número de pessoas que caem na malha fina por erros ou inconsistências na declaração.
Para o contribuinte comum, a recomendação é manter a regularidade das declarações e não acreditar em boatos sobre taxações ou mudanças que possam impactar diretamente o uso do Pix. A Receita reforça que sua missão é combater crimes financeiros e que as mudanças foram pensadas para proteger o cidadão.
Conclusão
A nova fiscalização do Pix é uma demonstração de como a Receita Federal busca modernizar seus processos, equilibrando tecnologia e eficiência na arrecadação de impostos e na fiscalização de grandes movimentações financeiras. Ao mesmo tempo, a medida reforça a necessidade de combater a desinformação, que pode gerar insegurança para os contribuintes.
Com limites mais altos e maior precisão nos dados, a Receita espera oferecer mais segurança e praticidade para quem cumpre suas obrigações fiscais, enquanto foca seus esforços em combater irregularidades que afetam a economia como um todo.



