Em meio a conflitos armados, interferências políticas e crises humanitárias que se espalham pelo planeta, uma pergunta ganha força entre especialistas, ativistas e cidadãos comuns: qual é o real papel da ONU no mundo de hoje?
Criada em 1945 com o objetivo de manter a paz, promover os direitos humanos e garantir o respeito ao direito internacional, a Organização das Nações Unidas parece, na prática, cada vez mais impotente diante das ações de superpotências como os Estados Unidos, que agem livremente, com ou sem aprovação internacional.
Ao longo das últimas décadas, os EUA participaram diretamente ou financiaram intervenções militares, mudanças de regime e operações clandestinas em dezenas de países – do Iraque à Líbia, do Afeganistão à Síria, da América Central à África. Os pretextos variam: combate ao terrorismo, defesa da democracia, armas de destruição em massa… Mas o resultado costuma ser o mesmo: destruição em massa, instabilidade regional e milhares de mortes civis.
E onde está a ONU nesse cenário? Muitas vezes, em silêncio ou com reações simbólicas e inócuas, incapaz de punir, intervir ou sequer impedir esses avanços. O motivo é claro: os Estados Unidos não são apenas um membro da ONU – são um dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança, ao lado de China, Rússia, Reino Unido e França. Isso significa que, mesmo que o resto do mundo condene suas ações, Washington pode simplesmente bloquear qualquer resolução contra seus interesses.
A ONU, portanto, acaba sendo usada como uma plataforma diplomática, com belas palavras e pouca ação concreta. Missões de paz são barradas, investigações são limitadas e sanções, muitas vezes, são impostas apenas aos inimigos dos EUA ou de seus aliados.
A crítica ganha ainda mais peso em tempos recentes, quando Washington continua expandindo sua influência global, financiando guerras por procuração, fornecendo armamento a regimes aliados mesmo diante de acusações de violação de direitos humanos, e mantendo bases militares em mais de 70 países.
Diante disso, cresce o sentimento de que a ONU se tornou um órgão simbólico, esvaziado de poder real, especialmente quando se trata de conter ações das grandes potências. Enquanto isso, milhões de vidas continuam sendo afetadas por decisões tomadas a portas fechadas em Washington, sem consequências internacionais de peso.
É preciso repensar profundamente o sistema internacional. A impunidade das grandes potências, sobretudo dos Estados Unidos, mina a credibilidade da ONU e ameaça a segurança global. Se nada for feito, o mundo continuará sendo palco de abusos travestidos de “libertação”, e a ONU seguirá como espectadora silenciosa de um caos que ela mesma foi criada para evitar.