São Gonçalo foi palco, nesta terça-feira, da oitava operação da Secretaria estadual de Segurança (Seseg) em parceria com tropas federais. Foi a quinta vez, porém, que o trabalho conjunto não resultou na apreensão de nenhuma arma, segundo o que foi divulgado pelas próprias autoridades em cada ocasião. Além disso, embora tenham resultado em dezenas de prisões, nenhum dos suspeitos capturados nas oito ações tinha relevância hierárquica no crime organizado do estado.
Também passaram em branco no quesito “apreensões de armas’’ as incursões em Niterói; em comunidades do Centro do Rio; no Morro dos Macacos, em Vila Isabel; e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Já a Operação Onerat, que iniciou a parceria no princípio de agosto, no Complexo do Lins, resultou na apreensão de três pistolas e duas granadas. A Operação Conisi, por sua vez, em diversas favelas da Zona Norte, levou à retirada das ruas de nove pistolas, uma espingarda e um revólver — veja mais no infográfico abaixo.
Principal ameaça nas mãos dos bandidos do estado em termos de poderio bélico, fuzis só foram encontrados ao longo da semana em que a Rocinha esteve ocupada, enquanto outras ações de varredura ocorriam paralelamente em vários pontos da cidade. Foram apreendidas pelo menos 19 armas desse tipo neste período.
Na própria Rocinha, as prisões recentes mais relevantes, como a de seguranças de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, principal traficante local, foram feitas pela polícia já após a saída das tropas federais. O Comando Militar do Leste e a Seseg não responderam aos questionamentos do EXTRA sobre este cenário.

Bloqueio de fuzileiros navais teria atrasado a chegada da polícia
No início da ação desta terça-feira, um batedor da Marinha ficou ferido levemente ao ser atingido por uma viatura da Polícia Federal. Apesar de não causar ferimento grave no agente, a situação ilustra um conflito entre as forças estaduais e federais. Segundo um policial civil que participou da operação, fuzileiros navais fizeram um bloqueio na Ponte Rio-Niterói para a passagem de um comboio de militares. Agentes da PF, da PRF e da Polícia Civil também teriam sido impedidos de seguir adiante.
Após um oficial da Marinha ser acionado, a passagem foi liberada só para viaturas da Civil, persistindo o impasse. Antes que a confusão fosse desfeita, o batedor da Marinha acabou atingido. O episódio é apontado como um dos motivos para que nenhum criminoso relevante tenha sido preso.
— Isso atrasou a nossa chegada, e os principais alvos puderam fugir — disse um policial civil ouvido pelo EXTRA.
FONTE: EXTRA