O Brasil ainda está em luto com a notícia da morte da jovem Juliana Marins, de 26 anos, que perdeu a vida durante uma trilha no Monte Rinjani, o mais alto e imponente vulcão da Indonésia. Em meio à dor da tragédia, uma carta aberta escrita por Manoel Marins, pai da brasileira, tem comovido milhares de pessoas nas redes sociais e viralizado como um grito de amor, saudade e despedida.
Com uma sensibilidade tocante, Manoel compartilhou em seu perfil pessoal um poema inspirado na música “Pedaço de Mim”, de Chico Buarque, como forma de expressar o luto pela perda irreparável da filha. Cada verso é uma ferida aberta, um desabafo de um pai que teve sua vida dilacerada pela ausência repentina e definitiva de quem tanto amava.
A carta aberta começa com o trecho:
“Oh, pedaço de mim / Oh, metade afastada de mim / Leva o teu olhar / Que a saudade é o pior tormento / É pior do que o esquecimento / É pior do que se entrevar…”
Juliana, que era apaixonada por aventuras e viagens, estava desaparecida havia quatro dias após se perder durante uma trilha no Monte Rinjani. Equipes de resgate indonésias encontraram o corpo da brasileira em uma fenda de cerca de 650 metros. Segundo os relatos, ela teria sofrido uma queda acidental durante o percurso. A operação de localização contou com uso de drones térmicos, helicópteros e guias especializados em áreas de risco.
A comoção com sua morte ultrapassou fronteiras. Amigos, familiares e desconhecidos uniram-se em mensagens de apoio, homenagens e correntes de oração. No entanto, foi o desabafo poético do pai que tocou os corações de todos que o leram.
“Oh, pedaço de mim / Oh, metade arrancada de mim / Leva o vulto teu / Que a saudade é o revés de um parto / A saudade é arrumar o quarto / Do filho que já morreu…”
Esses versos ecoaram a dor de tantos pais que também perderam filhos de maneira inesperada e brutal. A publicação ganhou força rapidamente nas redes, sendo compartilhada por artistas, jornalistas e páginas de homenagem. Não se trata apenas de um adeus. Trata-se da tentativa de seguir respirando em meio ao silêncio que a ausência impõe.
A despedida continua com as palavras:
“Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada / É assim como uma fisgada / No membro que já perdi…”
Para Manoel, Juliana era mais que uma filha: era um pedaço vivo de sua existência. A comoção com sua carta é reflexo da universalidade da dor – e da beleza que existe até mesmo nos momentos mais sombrios. Sua mensagem não só eternizou a filha nas palavras, mas também deu voz a muitos corações enlutados que encontraram conforto nesse grito poético de despedida.
“Lava os olhos meus / Que a saudade é o pior castigo / E eu não quero levar comigo / A mortalha do amor / Adeus”
O velório de Juliana está sendo organizado com o apoio da embaixada brasileira na Indonésia, que auxilia no translado do corpo. A previsão é que o enterro ocorra no Rio de Janeiro nos próximos dias.
O Brasil se despede de Juliana Marins com tristeza, mas também com profunda admiração por sua coragem e por ter vivido intensamente. A carta de Manoel, comovente e devastadora, fica como um lembrete de que, mesmo quando a vida silencia uma voz, o amor jamais se cala.